A partir da segunda-feira, 31, o funcionalismo público estadual, incluindo servidores e servidoras do Incaper, darão início a uma greve geral. A decisão foi tomada em uma Assembleia Geral Unificada, realizada na manhã da quinta-feira, 27, no auditório do Alice Vitória Hotel, no Centro de Vitória. De lá, os funcionários e funcionárias públicas seguiram rumo ao Palácio da Fonte Grande para comunicar oficialmente ao Governo do Estado a decisão dos trabalhadores.
Para o presidente da Associação dos Servidores do Incaper (Assin), Adolfo Brás Sunderhus, as associações têm um papel muito importante na mobilização dos servidores e servidoras para que haja ampla adesão à greve. “Defendemos a paralisação única e unificada, e não setorial. Por isso, para ganharmos cada vez mais força, precisamos que todo o funcionalismo público estadual pare suas atividades para participar das manifestações que devemos organizar para pressionar o governo. Contamos com o apoio de todas as associações. Podem contar com o apoio da Assin. ”, diz Adolfo.
Durante a assembleia o presidente da Assin mostrou que o descaso de Renato Casagrande com servidores e servidoras da agricultura não é de hoje. “Quando Casagrande foi secretário de Agricultura no Governo Vitor Buaiz as instituições públicas de agricultura foram reduzidas de sete para quatro. O quadro de pessoal diminui de 1898 para 1152. Perdemos vários benefícios, como o Auxílio Alimentação. Esses são apenas alguns dos muitos prejuízos que tivemos. E esse descaso com servidores e servidoras continua sendo uma prática no Governo Casagrande”, diz Adolfo. Ele destaca, ainda, que esses dados fazem parte do relatório oficial do governo no período entre 95 e 98.
O servidor do Incaper, Jair Magno Barcellos Júnior, do CEDR Centro Serrano, fez questão de participar da assembleia. “Vim de longe para me unir aos colegas. A greve é uma iniciativa bastante válida. Agora temos que nos mobilizar para que ela tenha bastante força”, diz Jair.
Precariedade em todos os órgãos
A situação de calamidade impera não somente no Incaper, mas em todos os demais órgãos do serviço público estadual, segundo servidores e servidoras que fizeram questão de falar publicamente, durante a assembleia, a realidade de seus ambientes de trabalho. Na Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb), há grande índice de terceirização. “Os trabalhadores da área operacional são terceirizados. Não temos recurso próprio, temos que passar o pires para conseguir investimento do Governo do Estado”, relata o servidor Mauro Ribeiro.
O servidor do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado do Espírito Santo (Ipajm), Diogo Francisco da Silva, afirma que o concurso aberto este ano é insuficiente. “Vários colegas de trabalho estão se aposentando. Hoje, precisamos de cerca de 70 técnicos. O processo seletivo prevê somente a contratação de dois técnicos superiores e seis de nível médio”, diz Francisco.
Já o agente de suporte educacional Tadeu Guerzet relatou a falta de investimento no ensino público. “Muitas escolas alagam quando chove, muitas vezes não têm água para os servidores e servidoras e estão localizadas em áreas de conflito do tráfico de drogas. Além disso, sofremos assédio moral por parte de muitos diretores. Por isso, devemos nos mobilizar e fazer um processo de convencimento junto aos colegas no nosso espaço de trabalho”, acredita Tadeu.
No Instituto Estadual de Meio Ambiente, um dos grandes problemas, segundo o presidente da Associação dos Servidores do Iema (Assiema), Fábio Camilo, é o uso de licenciamento ambiental como barganha política. “No Iema as licenças ambientais são dadas principalmente para empresários que são aliados do governo”, diz Fábio.
“Diante de toda a insensibilidade, descompromisso e falta de diálogo do governador Renato Casagrande com servidores e servidoras do Estado, o funcionalismo público estadual se uniu de forma consciente e madura. Vamos para a Greve Geral a partir de segunda-feira”, afirma Adolfo.