Quem já não ouviu esta frase: “Você vive discordando! Você vive reclamando! Você é muito teimoso”! Pois então. Dependendo da forma como é dita, ela pode sim ter a dureza e a natureza do significado negativo. Mas do ponto de vista de quem ouve e interpreta, ela pode ser uma frase positiva. E lógico que muitas variáveis estão em jogo para que possamos auferir um significado positivo ou negativo a esta frase. Cabe da situação envolvida. Mas é preciso querer sair do entendimento negativo e participarmos na reflexão propositiva que esta frase nos chama nos dias atuais.
Estamos hoje vivendo este paradigma em muitas empresas privadas e, sobretudo em nossas instituições públicas. Chefias que claramente não gostam de pessoas que reclamam ou discordam toda hora, que sejam teimosas, mesmo sabendo que este fato tem como objetivo o progresso coletivo e não aquele em busca de vantagem pessoal.
Discordar também pode ser visto como sinônimo de teimosia. No entanto, pode ser tratado e visualizado de forma proativa como uma demonstração de liderança, de criatividade ou como empreendedorismo. Mas aquele que quando reclama não é compreendido, tenha uma certeza: todos, aqueles e aquelas, que se tornaram personalidades de nossa história começaram alguma coisa discordando de algo. Portanto, discordar e reclamar, ser teimoso em suas ideias, não são nada mais nada menos do que ter a coragem de exercitar-se em um diálogo de amadurecimento pessoal e profissional. Portanto, exercite essas virtudes, sua teimosia.
Faltam-nos no exercício da competência pública de Estado, os gestores – “chefes”, estarem preparados para viver e saber interpretar esse exercício do conviver com o reclamar, com a discordância e com a teimosia. E não podemos nos conformar em que as coisas sejam feitas a partir do discurso “de que sempre foi assim”. Precisamos nos incomodar com as atitudes de conformismo de colegas que acham que a “vida tinha que ser assim mesmo, e de que nada irá mudar”.
Mas, para que possamos vencer este paradigma, é necessário que a nossa teimosia aliada ao nosso ato de reclamar e discordar deixe que o outro também exercite os mesmos atos e vontades, pois assim estaremos construindo um exercício proativo de diálogo constante para o desenvolvimento pessoal e profissional e, sobretudo da instituição, no nosso caso pública, o Incaper.
Autor: Adolfo Bras Sunderhus