O poder das mulheres

As mulheres já tomaram conta de diversos espaços e o mercado de trabalho é um desses lugares em que a presença feminina está conquistando cada vez mais respeito. Porém, mulheres em cargos de liderança ainda são raras. De 2015 até este ano, houve um sensível aumento, de 5% para 11%, de acordo com pesquisa International Business Report (IBR) – Women in Business, realizada pela Grant Thornton, em 36 países. Apesar da melhora, o Brasil ainda figura com uma média geral de 19% de cargos de alto escalão ocupados por mulheres, índice abaixo da média global, de 24%.

Um exemplo de mulher forte na liderança é Jane Bertholi, chefe da área de pessoal do Departamento de Recursos Humanos do Incaper. Ela está no cargo há 15 anos e é responsável por acompanhar toda a vida profissional dos servidores. Apesar de estar em um uma instituição onde a maioria são homens, Jane não teve dificuldades em liderar. “O importante é tratar o outro como ser humano, independente do gênero. Priorizar a boa convivência é fundamental para liderar no ambiente de trabalho”, diz.

Ela conta que sempre se sentiu valorizada e respeitada pela equipe e aconselha outras mulheres: “Lute sempre, há muito trabalho para conseguirmos o que queremos. Mostre que você é profissional e aos poucos vamos quebrando essas barreiras”. Mas, superar esses obstáculos requer persistência porque os desafios são muitos.

Já para Alice Cristina Bitencourt, que é Zootecnista e ocupa o cargo de Agente de Extensão em Desenvolvimento Rural, o seu medo sempre foi ter que adquirir uma postura masculina para lidar com os homens. Muitos ainda pensam que mulheres são emotivas ou sensíveis demais para assumirem cargos de liderança, o que não é verdade. Um perfil forte e organizado para gerenciar uma equipe independe do gênero.

“Quando eu entrei para o Incaper havia pouquíssimas mulheres e agora vejo que a cada concurso o número de mulheres aumenta e não é só na área administrativa como em alguns anos. Vejo muitas mulheres engenheiras e zootecnistas como eu e também percebo muitos homens na área administrativa. Não existe mais que tal função é masculina e tal função é feminina”, diz Alice.

O tempo foi mostrando a Alice que ela poderia aceitar a sua feminilidade sem que isso diminuísse a sua capacidade profissional. Segundo a extensionista, as mulheres possuem potenciais que são muito importantes para se estar à frente de projetos. “Sinto que as mulheres são mais inovadoras e perfeccionistas. Juntas estamos dando uma nova cara ao Incaper que sempre foi muito tradicional”.

Outra dificuldade que as mulheres enfrentam é conciliar a carreira com a vida de mãe e os afazeres domésticos. É preciso muita organização para no final do dia dar conta de tudo. Encontrar um equilíbrio entre tudo isso nem sempre é fácil. É muito importante se dedicar ao trabalho, mas a vida social, a família, a saúde e os amigos não devem ser deixados de lado.

Além disso, a Reforma da Previdência vem tentando acabar com mais um direito conquistado pelas mulheres que é poder se aposentar mais cedo que os homens. Igualar a idade de aposentadoria entre homens e mulheres é uma das propostas da Reforma e representa um retrocesso aos direitos das mulheres. A proposta ignora a realidade cotidiana, em que a mulher cumpre jornada tripla, contando o trabalho diário, o cuidado com os filhos e a atenção a casa.

São muitos os desafios a serem superados. Para vencer esses obstáculos é preciso não desanimar. “As mudanças não são rápidas, mas não devemos perder a esperança porque já avançamos muito e não há como nos parar mais”, afirma Alice.

Jane, Alice e muitas outras trabalhadoras com certeza fizeram seu papel dentro da Incaper e abriram as portas para muitas outras mulheres seguirem seus sonhos. Todas elas merecem o nosso respeito neste Dia Internacional da Mulher e em todos os outros.