Adolfo Brás Sunderhus*
65 anos de trabalho.
Compromisso com a Agricultura Familiar.
Acordei. O que era límpido e reluzente
Se tornou escuro, muito escuro.
E chorei…
E meu choro isolado
Se aconchegou ao lamento triste
Do choro de outros (as)
Que veio devagar
E chorei… Novamente.
Estamos todos e todas
Tomados de lágrimas na noite e no dia
Promovidas em salas que respiravam alegria
Prazer e satisfação em servir
E chorei… Agora lágrimas de sangue.
Me invade uma forte tristeza.
Nossa coletividade está triste.
O Incaper já não sorri
Diante do despreparo humano de “doutores”.
E chorei…
Estou sendo invadido
Por uma pandemia institucional
Que traz desordem e desarmonia
Que inquieta e violenta.
E chorei…
A soberba dos “doutores” se vendeu
A uma pobre economia
Que alimenta não a vida
Mas sim o tira gosto no final do dia.
E chorei…
E assim se vai
O Incaper chorando
A noite toda, o dia todo
Da tamanha irresponsabilidade.
E chorei…
O que é melhor, na verdade não sei
Se é buscar unidade
Ou me converter à mediocridade
Mas sei que vence a verdade e a unidade.
E chorei…
Eu também avisei…
“Só quem não quis… não viu e ouviu”.
E o Incaper chorou
Pelos desaparecidos feitos.
E chorei…
Podem nos querer
Sumidos, afogados e torturados
Mas mesmo angustiados
Nos alimentamos pela nossa unidade.
Choro sim…
Mas luto!
Pois a tempestade há de passar
E o sol vira com seus raios e luz
Homenagear mulheres e homens
Que lutando com suas palavras
Um novo Incaper irão construir.
Não luto sozinho!
O que está escrito e dito
Por muitos e muitas
Não de um simples grupo
Mas de uma geração coletiva
É que ninguém há de esquecer
Da Luta e da Unidade!
De uma nova juventude que sabe ler
A história e a gloria
De tudo que foi construído
E que não será destruído
Por aqueles (as) que não tem história.
Ainda choro…
As lágrimas não secam
Mas já não são mais de sangue
São de alegria pelo coletivo
Pela ASSIN
Por um outro INCAPER
Para todos todas
O nosso caminho não é o fracasso.
É o sucesso
Para todos e todas
De cada geração
Mesmo chorando
Em lugar das lágrimas
Já deixo o meu sorriso
O meu abraço
O meu melhor aperto de mão
O meu querer sempre
Estar junto…
Nesta luta e por este coletivo.
* Engenheiro Agrônomo, Extensionista Rural aposentado do Incaper, operário da terra. Aprendendo com o saber das famílias da roça, suas práticas e experiências. Escreve o que acredita e o que sente.