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O abastecimento interno na pandemia do novo coronavírus: um descompromisso do governo federal

Por 18 de setembro de 2020Assuntos Gerais, Coluna dos Associados

O estado e a sociedade estão mudando a uma velocidade que às vezes se torna difícil acompanhar essa tal “modernidade do século XXI”. Vivemos um momento em que a luta pela garantia dos direitos sociais, pela democracia, pela liberdade, pela igualdade e pela justiça sofrem uma agressiva violência política e passam por uma forte reinvenção. E na agricultura não é diferente.

A imensidão das áreas para produção está diante de uma prática que favorece a monocultura de grãos para exportação com alimentos que têm o valor definido pelo dólar e a uma velocidade que dilapida os recursos naturais, limitando a produção de alimentos cujo compromisso é com o abastecimento interno, em especial para classes mais vulneráveis. Trocando em miúdos, estamos vivendo um momento em que a produção dos alimentos que fazem parte do prato das pessoas perde espaço na tão sonhada cesta básica em razão do encolhimento da agricultura familiar, sem uma política pública comprometida em impulsionar processos de democratização e desconcentração de terra – reforma agrária e agrícola desamparada de uma política pública.

O atual viés político do governo federal fez a opção ideológica pelo agronegócio exportador, pela monocultura e pela agricultura de precisão, cuja tecnologia está distante da realidade de agricultores/as familiares – que fazem acontecer o abastecimento interno de alimentos às famílias da cidade, pelo menos três vezes ao dia. Esta opção demonstra o total descompromisso do governo federal, e logo quando toda sociedade é tomada de sobressalto diante do aumento dos alimentos mais básicos, muito acima da inflação.

Do outro lado, chama a atenção ver a “moeda dólar” ser cotada acima de R$ 5,20; que levou os grandes produtores do agronegócio a dar preferência à exportação, deixando o mercado interno menos abastecido. Com isso, o preço sobre, como explica o diretor técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior, em sua coluna no Jornal Brasil Atual. A lógica é simples: “quando o mercado internacional se aquece, o trabalhador aqui no Brasil perde”, afirma Fausto.

O atual momento demonstrou que a agricultura familiar é de suma importância social para atender à necessidade interna de abastecimento alimentar, mesmo diante da falta de política pública para esses/as agricultores/as, cujos incentivos estão muito aquém daqueles oferecidos aos grandes produtores do agronegócio.

Não existe programa ou sequer projetos de desenvolvimento para a agricultura familiar, e foi justamente esta falta de compromisso e de responsabilidade social do governo federal que levou ao aumento de preços, em plena pandemia, tornando sem efeito todos os esforços para garantir uma comida mais acessível a todos e todas, em especial aos mais vulneráveis.

 

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