A Assin conversou com o engenheiro agrônomo Adilon Vargas de Souza, extensionista aposentado do Incaper, sobre um pouco da história da Extensão Rural em nosso Estado. Afinal, dia 06 de dezembro é celebrado o Dia da Extensão Rural no Brasil, e o Incaper e seus servidores são responsáveis por muitos avanços, nessas últimas décadas, e por um trabalho de excelência, especialmente junto à agricultura familiar. Já são mais de 60 anos de Extensão Rural, no Espírito Santo.
Como nos conta Adilon, o serviço de Extensão Rural começou na década de 40, em Minas Gerais, com a fundação da Associação de Crédito e Assistência Rural (Acar-MG). A Acares, como era conhecida no Espírito Santo, funcionava como uma Sociedade Civil, sem fins lucrativos. “Começou em Minas Gerais e foi expandindo para outros Estados, até chegar ao Espírito Santo, em 16 de novembro de 1956”, lembra Souza.
As atividades da Acares, em nosso Estado, começaram mesmo no ano seguinte, em 1957, já vinculada à Secretaria de Agricultura. A instituição era coordenada por uma junta administrativa, sendo o presidente o secretário de Estado de Agricultura.
Inicialmente a Acares começou a funcionar com cinco municípios, e com escritórios em todos eles. As atividades eram em Domingos Martins, em Cachoeiro de Itapemirim, em Alegre, em Santa Teresa e em Colatina. “Todos eles com um engenheiro agrônomo e um economista doméstico, além de um veículo que aguentasse o trabalho”, cita Adilon.
As ações desenvolvidas pela Associação eram diretamente com as famílias rurais, dando assistência à unidade rural como um todo, sendo que a prioridade era atender, desde o começo, os pequenos produtores. “Eram oferecidos serviços de assistência técnica, de extensão rural, e ainda se buscava viabilizar o crédito rural. Tudo feito via Acares”, comenta.
Entre os objetivos principais dos extensionistas, já naquela época, estavam a preocupação em sempre melhoras as condições de vida dos produtores rurais, seja por meio da elevação de produtividade, com o uso de tecnologias adequadas e de técnicas mais eficientes de produção; seja na adequação do produto e no melhor aproveitamento deste.
“Era uma busca por melhorar o bem-estar social e econômico, no meio rural, em especial das famílias agrícolas, incluindo ações que atendessem, também, a juventude rural”, aponta Souza.
Ele nos conta, ainda, que a Acares também já se preocupava com o meio ambiente, e que atuava sempre na valorização da pesquisa e do crédito rural, tanto que sempre defendeu o aperfeiçoamento desses serviços para atender aos produtores.
A instituição funcionou com o nome de Acares até o ano de 1975, quando foi transformada em Empresa Pública e recebeu o nome de Emater – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural. Sendo ainda vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, e atuando com recursos públicos estaduais e federais.
E foi mais ou menos em 2000 que, ao se fundirem as instituições de pesquisa e de extensão, surgiu o Emcaper, ainda como empresa pública, até poucos anos depois se chamar Incaper – Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. “Sempre preocupada em levar melhorias e serviços aos produtores”, frisa.
A profissão
“O extensionista, junto com o economista doméstico, trabalha por unidade de produção, tendo como prioridade a pequena unidade familiar, com a agricultura familiar e os pequenos produtores, visto que eles representam 80% das unidades de produção do nosso Estado”, alerta Adilon Vargas de Souza.
Como ele explica, entre as funções do extensionista estão a melhora no processo de produção, sempre buscando a qualidade, com a ajuda de tecnologia adequada e informação precisa para todas as etapas (plantio, colheita e comercialização); o uso de variedades mais produtivas, além de técnicas de correção na fertilização e no manejo do plantio; a busca pela durabilidade e pela qualidade do produto, em todas suas etapas, evidenciando as técnicas e as estratégicas; e a diversificação de produção, incluindo a diversificação na comercialização dos produtos; entre outros.
A Extensão Rural também ajuda os produtores em sua organização profissional, enquanto sociedade, associação ou cooperativa, para que unidos possam conseguir volume e ampliação de mercado. “Quem sabe até para exportação”, como lembra Adilon. Contribui, também, até na diversificação e na industrialização do produto, buscando novos mercados e valorizando as técnicas agrícolas e artesanais do campo. “Tanto que, hoje, temos um riquíssimo turismo rural, em nosso Estado. Somos referência”, celebra.
O extensionista também atua, diretamente, na busca pelo bem-estar físico dos produtores e suas famílias, auxiliando nas condições de saúde e de alimentação, de nutrição e de higiene.
Os desafios
Antigamente, segundo Adilon, os desafios eram de comunicação e deslocamento, principalmente. “Era levado conhecimento, informação e tecnologia até o produtor que não tinha condições de receber esse conteúdo. Até porque, naquela época, os canais de comunicação ainda eram muito precários, incluindo os acessos pelas estradas e rodovias. Era uma situação completamente diferente a de hoje, e a Extensão Rural acabou crescendo junto com esses espaços”, alerta.
Para Adilon, hoje os desafios são ainda maiores. O técnico precisa estar muito mais preparado para atender as demandas do produtor, porque o produtor também está mais bem informado. “Por isso que é fundamental manter um quadro de profissionais capacitados, atualizados e com equipamentos que permitam as melhores condições possíveis de trabalho”, defende Souza.
Segundo ele, essa estrutura de apoio, tanto de veículo quanto de tecnologia à mão, faz toda a diferença no atendimento e no auxílio ao pequeno produtor. “Cabe ao Incaper, extensionistas e pesquisadores, estarem preparados para essas mudanças tecnológicas e acompanhar, de perto, os avanços que permitirão que a agricultura familiar também cresça”, reforça.
Além disso, ele acredita que para se alcançar um atendimento de excelência é preciso ter extensionistas empenhados e dispostos a se dedicarem por mais tempo ao serviço.
“Só com um concurso público que supra a carência atual de atendimento do Incaper e com um plano de cargos e salários que valorize esses servidores conseguiremos manter uma ação efetiva e de qualidade dos extensionistas. Assim teremos uma assistência técnica pública, gratuita e com prioridade à assistência familiar”, defende Adilon.
Parabéns Dr. Adilon!
Parabéns ASSIN! !!
Muito feliz com a ação da ASSIN e orgulhosa do “VERDADEIRO” depoimento do nosso querido e eterno DIRETOR DO INCAPER (na época da EMATER), Dr. Adilon!!!!!