Dizem que a única certeza que se tem na vida é a morte. E embora todos tenhamos que enfrenta-lá, na verdade, nunca estamos realmente preparados para esse acontecimento. Por exemplo, quando alguém que amamos, seja parente ou amigo, vem a falecer, bate um sentimento de tristeza por não termos mais essa pessoa por perto. O luto faz parte desse processo de superação, porém, devido ao histórico de vida e uma série de fatores, cada pessoa reage de uma forma.
Segundo a psicóloga do Incaper, Nívea Daltoé, “algumas pessoas passam por esse momento de forma menos dolorosa, respeitando o tempo que for necessário para que a dor seja amenizada, e conseguem se abrir para novas possibilidades. Já outras podem negar a morte de seu ente querido, ficando muito presa a este, ou se esquivando de sentir a tristeza, inerente ao processo do luto”, explica a psicóloga.
É preciso respeitar o momento do luto e permitir que a pessoa possa extravasar, colocar para fora. Negar esse direito pode prejudicar o enlutado em seu processo de superação. O máximo que podemos fazer, por um familiar ou um/a amigo/a, é parar para ouvir o que ele/a tem a dizer sobre o que está sentindo, estando sempre pronto para ajudar no que for preciso.
Entretanto, é importante observar por quanto tempo o enlutado viverá esse momento. A psicóloga aponta alguns sinais que a pessoa pode apresentar indicando que algo não está certo. “Quando a dor e o sofrimento causados pela perda se tornam muito intensos; quando não conseguir retomar suas atividades cotidianas, mesmo tendo passado muito tempo desde a referida morte. Muitos não conseguem, também, sentir interesse por outras pessoas ou novas situações e ficam presos ao passado e ao ente que se foi. Em casos como esses, e sem o tratamento adequado, o luto pode tornar-se patológico, podendo gerar uma tristeza que não cessa e, até mesmo, sintomas depressivos,” explica a Nívea.
*O luto e a pandemia de Covid-19*
Com a pandemia de Covid-19, a morte se tornou um tema comum na imprensa e no cotidiano das pessoas. Praticamente todo mundo conhece alguém que morreu em virtude de complicações da doença. O que diferencia a morte pela Covid-19 é que familiares e amigos da vítima não podem velar pelo ente querido/a e nem mesmo realizar o ritual do sepultamento, por causa do risco de contaminação, visto que o novo coronavírus tem um alto grau de infecção. E isso pode fazer do luto um processo bem mais do doloroso.
Ou seja, a pandemia nos fez refletir sobre a importância dos rituais de despedida, como comenta a psicóloga. “Isso permite expressar intensas emoções, além de poder compartilhar o momento com outros amigos e familiares,” explica ela.
Com a ausência de um sepultamento, a pessoa pode ter a sensação de que algo está faltando, como se não tivesse se despedido, de fato, de quem morreu. “Consequentemente, pode haver o prolongamento do luto por mais tempo ou a tristeza vir em um momento posterior,” finaliza a psicóloga
Apesar das restrições impostas pela pandemia, o luto deve, de alguma forma, ser vivido. E receber o apoio de pessoas próximas, mesmo que remotamente, é fundamental. Quando sofremos uma perda, por mais difícil que seja, é preciso viver o momento do luto. E, da mesma forma, é necessário superar, dentro do tempo necessário.
Estou destroçada, pois perdi minha irmã amada,é muito doloroso pra mim, nois se dava muito bem, hoje me vejo sem ela na minha vida