Agora, o Incaper tem uma psicóloga para atender aos servidores do instituto. O trabalho será realizado pela servidora Nivea Dalmaschio Daltoé, que trabalhou ao longo de seis no atendimento dos trabalhadores do Iases, Função que era realizada com o apoio da assistente social Rafaela Silva Lima Fuentes, que também foi transferida para o Incaper.
A ASSIN fez uma entrevista com a psicóloga Nivea Daltoé, principalmente para apresenta-la aos servidores do Incaper e, ainda, trazer informações sobre como sua atuação poderá contribuir com os trabalhadores do instituto. Confira!
ASSIN – De que forma você acredita que poderá contribuir com os servidores do Incaper?
Nivea Dalmaschio Daltoé – Acredito que a experiência adquirida ao longo de seis anos, advinda do atendimento aos servidores do meu órgão de origem (Iases) e das demais ações realizadas em prol da qualidade de vida no trabalho, poderão ser aproveitadas no Incaper. Cada órgão tem sua especificidade, mas os servidores, de modo geral, carecem de um espaço de acolhimento. E muitos não se sentem reconhecidos em seu ambiente de trabalho. A importância de um serviço psicossocial é o de justamente saber acolher e escutar o servidor, com empatia e sigilo, sem qualquer julgamento diante da demanda apresentada por ele.
A – Há algum planejamento já pensado para o trabalho a ser desenvolvido com os servidores?
N. D. D. – Diante do atual cenário de trabalho remoto, estamos enviando aos servidores, por e-mail, questionários cujas respostas nos darão indicadores relacionados aos riscos de adoecimento, aspectos de prazer e sofrimento sentidos no trabalho, danos relativos ao ambiente laboral, dentre outros. Os resultados obtidos contribuirão para traçarmos uma espécie de diagnóstico inicial de como o servidor do Incaper vivencia seu trabalho, além de contribuir para o levantamento de demandas que nos auxiliarão a traçar um plano de ações de saúde física e psicossocial, a médio e longo prazo. Ressaltamos que os servidores não serão identificados.
Também estamos disponíveis para a realização de atendimento psicossocial online. Hoje mesmo (entrevista realizada no dia 22 de maio), eu e a assistente social Rafaela realizamos o primeiro atendimento, nessa modalidade, com uma servidora do Incaper. Pretendemos usar a tecnologia a nosso favor, mesmo após o período de pandemia, já que a maioria dos servidores atua no interior do Estado e nem sempre teremos condições de atender as demandas de imediato, presencialmente.
A – Quais seriam as políticas de enfrentamento que você poderá contribuir?
N. D. D. – O papel do psicólogo, quando designado ao atendimento às demandas de saúde do trabalhador, é bem abrangente. Podemos nos deparar com várias situações de sofrimento e adoecimento advindos do trabalho, como, por exemplo, doenças ocupacionais, assédio moral, síndrome de Burnout (esgotamento profissional), relacionamento interpessoal precário, além de outros tipos de sintomas que estejam comprometendo a saúde mental dos servidores, como estresse, ansiedade, depressão, insônia, dentre tantos outros possíveis. Ressalto que não acolhemos apenas queixas relativas ao trabalho, mas, também, de cunho pessoal-familiar. Afinal, o mal-estar, sentido no trabalho, quase sempre afeta a nossa vida pessoal e vice-versa.
A – Atualmente, há um aumento, em nosso Estado, do número de casos de violências contra a mulher. É possível atender a demanda, interna, também nessa questão? De que forma?
N. D. D. – Acolhemos qualquer queixa apresentada, seja de caráter pessoal ou laboral. Não há assunto impeditivo de ser trabalhado em um atendimento psicossocial. Realizamos o primeiro atendimento e, dependendo do tipo da demanda, fazemos os encaminhamentos necessários. Quando uma queixa começa a ser apresentada para nós, de forma recorrente, como no exemplo da violência contra a mulher, podemos desenvolver outros tipos de atividades, como grupos temáticos, favorecendo a troca de experiências em um espaço de escuta coletivo, bem como na realização de palestras. É de suma importante acolher as vítimas após a violência ter ocorrido, mas também é fundamental realizar ações educativas, de orientação, sensibilização e prevenção.
A – Também temos casos de servidores que, já em decorrência do serviço público, já apontavam alguns problemas pessoais, de estresse e depressão (por exemplo), e que foi agravado com o período atual da pandemia. Como pode ajudar?
N. D. D. – Neste momento, os servidores que sentirem necessidade poderão agendar um atendimento psicossocial online. Entendemos que é um momento delicado, que requer atenção e cuidado à saúde mental. E a escuta qualificada é fundamental para lidar com possíveis sintomas gerados ou agravados pela pandemia e pelo isolamento social.
A – Quais dicas você pode dar aos servidores, para ajuda-los a manter a saúde mental, nesse período de pandemia?
N. D. D. – O atual cenário afeta cada pessoa de uma forma particular. Mas algumas dicas são importantes a todos. Por exemplo:
– Faça atividades em que se sinta bem em realizar e que seja possível manter, mesmo com o isolamento. Pode ser ouvir música, assistir a filmes/séries, ler livros, meditar, etc.
– Tente se manter próximo de pessoas queridas, mesmo com a distância física. A internet é uma boa aliada para diminuir a saudade e a sensação de solidão, através de videochamadas, por exemplo.
– Não descuide tanto da alimentação, não se esqueça de beber água e não abuse de bebidas alcoólicas.
– Tente fazer exercícios físicos leves, mesmo que em casa.
– Evite ler/ver muitas notícias sobre o assunto e tente filtrar as fake news. É fundamental nos informarmos, mas o excesso de informações pode aumentar a ansiedade.
– Aproveite o tempo mais livre e faça o que precisava fazer, mas sempre adiava, devido à falta de tempo. Pode ser um curso online, arrumar algum armário em sua casa ou, ainda, separar coisas que não usa mais para doar. A sensação de se sentir produtivo é muito benéfica.
– Para quem está trabalhando de casa, é importante manter uma certa rotina e evitar distrações. Também é recomendado fazer pausas e exercícios de alongamento. A cada hora trabalhada, sentado, pode ser feita uma pausa de 5 minutos em pé.
– Não se cobre por às vezes se sentir desanimado, triste ou confuso. Essas são reações esperadas diante da situação atípica e nova que estamos vivenciando. Tenha em mente que é uma situação transitória, mesmo que não saibamos quando ela vai acabar de fato.
– Caso você considere que seu sofrimento esteja intensificado, procure ajuda. Muitos profissionais, como psicólogos e psiquiatras, estão realizando atendimento de modo online.
A – Como os servidores podem ter acesso ao seu trabalho?
N. D. D. – A Rafaela, assistente social, e eu estaremos localizadas na Gerência de Pessoas. Durante o período de trabalho remoto, os servidores poderão entrar em contato comigo pelo e-mail nivea.daltoe@incaper.es.gov.br.