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“Fazemos COM os agricultores e não PARA os agricultores”

Por 13 de dezembro de 2019Assuntos Gerais

A economista doméstico, mestra em Extensão Rural e agente de extensão em Desenvolvimento Rural Aline Chaves Pereira, coordenadora do escritório do Incaper em Alegre, conversou conosco sobre comercialização solidária e algumas atividades que são desenvolvidas junto com os pequenos produtores da região.

O papo foi inspirado pelo Dia Nacional da Economia Solidária, celebrado no dia 15 de dezembro. Confira a entrevista!

Assin – O que é economia solidária?

Aline Chaves Pereira – A economia solidária é uma forma diferente de trabalhar a comercialização. Essa forma, por sinal, não trabalha apenas com a questão do lucro, do ganhar. Trabalhamos outras questões, o social, o ambiental e o político. É uma forma de trabalhar com organização social, onde esta trabalha com a auto-gestão. Enquanto técnica, extensionista rural, a gente trabalha promovendo essa auto-gestão de organização, em cooperativas ou outros grupos informais, para poder produzir e comercializar de uma forma transparente e compartilhada.

A – Como funciona esse trabalho?

A.C.P. – Aqui em Alegre, onde atuo, temos alguns trabalhos que realizamos baseado nesse princípio de economia solidária. Temos a Rede de Comercialização Solidária, um projeto de extensão do professor Haloysio Miguel de Siqueira, realizado desde 2015, que tem a parceria do Incaper e que funciona com uma comercialização direta, em que todos os consumidores recebem semanalmente uma planilha com os alimentos ofertados pelos agricultores familiares, tanto os in natura quando os agroindustrializados. É definido um ponto de entrega para que o consumidor possa buscar os produtos que escolheu, quando recebeu a planilha, informando aos produtores a quantidade que deseja e já sabendo o valor final da compra. Ainda realizamos reuniões periódicas para tratar dos assuntos que envolvem a Rede, com as decisões sendo tomadas pelos produtores que fazem parte desse grupo. Toda a organização, logística, comercialização e outras decisões são feitas por eles, em auto-gestão.

A – Há outras ações?

A.C.P. – Além da Rede temos a Feira Agroecológica, que acontece na Ufes de Alegre, em que todas as decisões que envolvem essa atividade são tomadas em conjunto com os agricultores. A feira é construída em cima do princípio da economia solidária, com todas as ações ainda sendo realizadas em conjunto com os parceiros externos, incluindo a Ufes, a Prefeitura, os Sindicatos…

A – De que forma vocês atuam junto com os produtores?

A.C.P. – Nosso trabalho é com princípio agroecológico, sem uso de agrotóxicos, e pensando na organização social e na autonomia desses produtores, dentro da gestão dos seus empreendimentos. Todas as atividades de comercialização, que envolvem diretamente o modelo de economia solidária, são realizadas com uma compartilhada. Nessa gestão todos são responsáveis pelo processo, desde a própria comercialização, em si, passando por todo o processo de trabalho do grupo. Não há uma pessoa responsável. Todos participam das tomadas de decisões e se responsabilizam por elas. Além disso, ainda damos orientação a essas agroindústrias. Trabalhamos, por exemplo, com a rotulagem dos produtos deles, para que estejam corretamente registrados e, assim, possam ser comercializados. Também ajudamos com as documentações necessárias para que esses produtores possam vender seus alimentos, dando orientação para que eles consigam, por exemplo, o alvará sanitário ou o Serviço de Inspeção Municipal (SIM).

A – Que tipo de profissionais podem atuar com a comercialização solidária?

A.C.P. – Acredito que a grande maioria dos profissionais das áreas de humanas e agrárias tem condições de atuar com a economia solidária. No entanto, é preciso que o profissional tenha um perfil para atuar na área. É preciso valorizar a troca de experiência, compreendendo que todos colaboram, sendo fundamental aprender a valorizar e respeitar o saber do outro. Dessa forma, também se deve respeitar a cultura e a diversidade local, sendo importante fazer um trabalho coletivo baseado em metodologias participativas. O mais importante é que fazemos COM os agricultores e não PARA os agricultores.

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