A servidora do Incaper Merielem Frasson da Silva, diretora de Cultura e Comunicação da ASSIN, traz uma dica de leitura. Ela, que optou por participar do grupo de leitura do Instituto Pensar, nesse período de pandemia, começou a ler as obras da escritora Carolina Maria de Jesus. Em destaque, o livro “Casa de Alvenaria”, de 1961. Confira a dica!
Já tinha ouvido falar em Carolina Maria de Jesus, primeira poeta negra brasileira, mas comecei a ler seus livros recentemente, através do grupo de leitura do Instituto Pensar. Queria ler menos notícias e o clube de leitura ia me ajudar a focar, além da leitura ajudar a diminuir a pressão do isolamento e a preocupação com o futuro.
Eu me apaixonei pela lucidez com que a autora retratou a miséria dos mais pobres e a política da época, que parece não ter mudado muito. Era uma catadora, favelada, que estudou dois anos do primário. Lia os livros que encontrava no lixo e escreveu diários retratando seu dia a dia, até que um jornalista a descobriu. Nesse segundo livro ela relatou as viagens que fez para divulgar o seu primeiro livro “Quarto de Despejo: diário de uma favelada” e as visitas que recebia, além do comportamento de uma classe variada, de ricos e pobres.
A temática dos livros é atual, em uma passagem que me chamou a atenção ela relata:
Disseram que sou comunista porque tenho dó dos pobres e dos operários que ganham o insuficiente para viver. E não tem um defensor sincero a não ser as greves, meios que recorrem para melhorar suas condições de vida. Mas são tão infelizes que acabam sendo presos e dispensados do trabalho. Conclusão: o operário não tem direito de dizer que passa fome. (Carolina Maria de Jesus, 1961)
Um trecho de 1961 que lembra o contexto social e político de 2020. Na teoria deveríamos ser uma sociedade evoluída, mas a realidade parece ser outra.
Livro Casa de Alvenaria de Carolina Maria de Jesus
Gênero: Memórias
Ano: 1961
Link para baixar e ler as obras
https://www.pravaler.com.br/carolina-maria-de-jesus-tudo-sobre-vida-e-obra-da-escritora/
