6 de dezembro é celebrado o Dia Nacional do Extensionista Rural, agente responsável por levar ensinamento e conhecimentos as famílias agricultoras com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico, social e tecnológico do campo. Para falar mais sobre o assunto ninguém melhor que o Engenheiro agrônomo e Extensionista rural aposentado, Adilon Vargas de Souza, que trabalha na área desde 1960. Sua história de vida faz parte da história da Extensão Rural no Brasil que segundo ele teve início em 1948, no estado de Minas Gerais, baseado em uma experiência semelhante nos Estados Unidos.
No Espírito Santo, o serviço de Extensão Rural chegou em 11 de novembro 1956, o que levaria a criação da Associação de Crédito e Assistência Rural do Espírito Santo (Acares), em 16 de novembro e que mais tarde, em 1999, se tornaria na autarquia pública do Incaper ( Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural).
“Começou com a implantação de escritórios nos municípios de Domingos Martins, Cachoeiro de Itapemirim, Colatina, Santa Teresa e Alegre”, lembra Adilon. Naquela época, a Extensão Rural era controlada a nível nacional pela Associação Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural, Asbraer.
Adilon conta que começou atuar com Extensionista local no município de Cachoeiro trabalhando com as comunidades e produtores rurais, em especial as Agricultores familiares: “Estudava a realidade do município para entender as dificuldades existentes com tecnologia e infra-estrutura. Com isso desenvolvemos soluções objetivando geração de renda para o produtor e o bem estar da família levando conhecimento sobre técnicas agrícolas, alimentação, saúde e trabalho artesanal,” conta Adilon que também lembra o trabalho realizado por engenheiros agrônomos e economistas domésticos que levavam o conhecimento através de um jipe, veículo mais adequado para as estradas rurais da época.
O papel dos Extensionistas Rurais no desenvolvimento do estado
A Extensão Rural teve um papel fundamental para a transformação econômica e social do estado. Um das principais contribuições dos Extensionistas foi com a produção do café: “Na época, usava-se tecnologias de baixa produtividade. As lavouras eram plantadas a nível de morro acima, o que favoreceu o desgaste do solo, levando a erosão e o que afetava os lençois freáticos,” conta Adilon.
Assim que foram identificados as dificuldades, a Acares se reuniu com os agricultores locais que tinham um espírito inovador e de liderança para serem os pioneiros no uso dessas novas tecnologias, o que serviria de modelo para os demais produtores. Com isso, novas tecnologias de plantio foram implantadas como a Curva de Nível, Cordões de Contorno, Terraceamento e espaçamentos mais adequados. Os frutos dessa mudança são visíveis até hoje, como conta Adilon.
“Naquela época, o nosso café era considerado o pior do Brasil. Hoje, é um dos melhores, sendo vendido até para o mercado externo,” frisa Adilon. As sacas de café capixaba estão entre as mais premiadas e valiosas do país. Vale ressaltar que essas mudanças no modo de plantio contribuíram também para preservação do meio ambiente.
A Extensão Rural também foi responsável por elaborar o primeiro Planejamento Rural Estadual do Espírito Santo. Segundo Adilon, em 1962, o plano diretor fez o zoneamento do estado onde foi estabelecido as regiões próprias para cultivo do café arábica acima de 400 metros, conilon abaixo dos 400m, a diversificação da banana, abacaxi e demais culturas que são utilizadas até hoje e tiveram impacto para o crescimento econômico de todo o Espírito Santo.
Adilon também lembra o apoio dado pelas equipes de Extensão Rural da Acares foram fundamentais também para o crescimento as cooperativas do Espírito Santo, que contaram com a assistência dos Extensionistas. Atualmente, no estado existem aproximadamente 134 cooperativas que empregam cerca de 7.800 mil capixabas.
Desafios do passado
Os tempos não eram fáceis. Os extensionistas rurais na época enfrentaram diversos problemas de infra estrutura e difícil acesso as comunidades para levar o desenvolvimento as famílias agricultoras: “Entre os problemas estavam a falta de comunicação, estradas em péssimas condições, comunidades sem energia elétrica e problemas para escoação e comercialização da produção”, comenta Adilon. Mas ele frisa que apesar dessas dificuldades, a missão de oferecer uma nova vida para os produtores não foi impedida. A mudança chegou para as famílias, dos pais até os filhos por meio dos Clubes 4s(Saber, Sentir, Saúde, Servir), local onde a juventude rural se reunia.
O presente
O trabalho dos Extensionistas Rurais em favor da agricultura familiar continua. O tempo mudou, a demografia nacional se alterou, já que parte da população rural migrou para as cidades, o que ocasionou no crescimento no espaço urbano. E por isso, a demanda por alimentos aumenta cada vez mais. Adilon, que obteve anos de experiência com a Extensão Rural e participou da evolução e melhoria de vida no campo deixa uma mensagem para a nova geração do Incaper que continuará com essa missão de desenvolver o campo em favor das populações rural e urbana: “A Extensão Rural necessita de extensionistas cada vez mais preparados que saibam trabalhar com as novas tecnologias e desenvolvam pesquisas voltadas para as reais necessidades do produtor rural, o elemento básico para as mudanças, tendo em mente a realidade, valores sociais, culturais e necessidades técnicas do homem e da mulher do campo,” finaliza Adilon.
Parabéns a diretoria executiva e ao conselho deliberativo da ASSIN pela homenagem. Uma matéria rica alegre e que contagia a todos e todas a mantermos viva e ativa esta política pública para o desenvolvimento sustentável dos povos da terra da floresta das águas e das cidades.
Parabéns a todos,juntos somos mais fortes!!! O extensionista é fundamental para a agricultura familiar, pois ele pode levar tecnologia , qualidade e maior produtividade e sustentabilidade para o homem do campo. Exatamente neste momento em que se fala tanto na segurança alimentar. Gratidão a todos!!!