A destruição de políticas públicas, a desvalorização do serviço público e o rumo que o governo federal tem pautado desde 2016, com mais violência e agressividade durante a gestão do governo negacionista e obscurantista de Jair Bolsonaro.
A Ater e a Pesquisa Pública oficial estão sendo deterioradas em sua essência, em seus princípios e valores, alimentando o abismo social de desigualdades e da violência no meio rural do Brasil. Em especial contra os povos da terra, da floresta e das águas, das comunidades tradicionais quilombolas e indígenas, ribeirinhos (as), pescadores (as) artesanais e mulheres rurais.
Em 2003, as comunidades rurais de todo território nacional passaram a ter um plano de desenvolvimento rural local e territorial com sustentabilidade, e a partir de 2016 renasceram o velho desenvolvimento agrícola da “revolução verde”, cuja orientação era exclusivamente para produtividade e produção da agropecuária e para o lucro,
Dentre esta violência nas políticas públicas podemos citar para relembrar:
1. Extinção do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), alem de Secretarias, Departamentos e outros Órgãos vinculados a uma luta social que diz respeito a questão agrária;
2. Desestruturação do Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável e demais organismos de controle social das políticas públicas;
3. Completo desrespeito aos/às assentados/as pela mudança na política pública para reforma agrária e regularização fundiária;
4. Perda de importantes marcos regulatórios e ameaça aos direitos humanos e trabalhistas, previdenciários e de combate ao trabalho escravo. Uma realidade do “novo rural”;
5. Paralização de políticas públicas de natureza territorial e para gestão das cooperativas de agricultores/as familiares; e
6. Redução significativa nos investimentos em educação para o campo e em ciência e tecnologia.
Vivemos dias em que as “novas” ideias e interpretações sobre o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar e do rural brasileiro são interrompidas em sua trajetória, na perspectiva de atender uma agenda pública neoliberal que privilegia o desenvolvimento no rural brasileiro orientado para o aumento da produtividade, da produção final e do lucro pelo lucro.
Nesse contexto, a ATER e a Pesquisa Pública oficial vivem um momento crítico, mas politicamente importante, que exige de cada um/uma de nós, servidores públicos, o protagonismo e a capacidade de promovermos micro revoluções em duas frentes:
1. Reivindicar, contestar, protestar e propor políticas públicas de desenvolvimento sustentável rural, local e territorial e de marcos regulatórios, para a construção de uma matriz de produção de alimentos agroecológicos e sustentáveis, definindo o Estado como parceiro das organizações da agricultura familiar, mesmo diante de conflitos, entre ideias e pensamentos contraditórios; e
2. Construir alianças e estratégias capazes de fortalecer o desenvolvimento sustentável, local e territorial, com os demais atores públicos e protagonistas desta história, em especial com os/as consumidores/as.
Nosso comportamento e nossa atitude definiram a sustentabilidade dos serviços de ATER e Pesquisa Pública oficial. Unidos/as com esse propósito, entendendo e compreendendo a sua importância social e transformadora, venceremos este paradigma obscuro e negaconista, criando e fortalecendo musculatura para o enfrentamento do que vier, dure o tempo que for necessário.
Texto escrito por Adolfo Brás Sunderhus, diretor de comunicação e cultura da ASSIN, engenheiro agrônomo, extensionista rural aposentado do Incaper, operário da terra. Aprende com o saber das famílias da roça, suas práticas e experiências. Escreve o que acredita e sente.