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22 de março: Dia Mundial da Água

Por 22 de março de 2021Assuntos Gerais, Coluna dos Associados

O Dia Mundial da Água foi instituído pela ONU, através da resolução A/RES/47/193, de 21 de fevereiro de 1992, estabelecendo como dia oficial o dia 22 de março. Este dia foi criado com o objetivo de conscientizar sobre a importância do uso racional deste bem tão preciso para a humanidade.

A água de qualidade é um bem essencial à vida humana, mas também é essencial para a produção de alimentos. Porém, tem-se percebido que a sua distribuição tem afetado o desenvolvimento de algumas regiões. Apesar de o Brasil ser o maior reservatório de água doce potável do mundo, ela está concentrada na Região Amazônica, onde existe uma menor concentração populacional.

Apesar de entender que o volume de água no planeta é invariável, algumas regiões têm sofrido severamente com sua sazonalidade. Ora passa-se por escassez severa de água, decorrente de estiagens prolongadas; ora sofre-se com a severidade das enxurradas, decorrentes das chuvas concentradas e da degradação da superfície do solo, que favorece o escoamento da água em detrimento à sua infiltração.

Aqui mesmo, no Espírito Santo, exemplos desses fatos são bem recentes em nossa memória: as chuvas de 2013, que em alguns locais ultrapassou aos 700 mm, deixaram milhares de pessoas desabrigadas, inúmeras mortes e um prejuízo econômico, social e ambiental imensurável. Em seguida, veio a seca de 2015 a 2017, provocando bilhões de prejuízos no agronegócio, inúmeras cidades sem água para o abastecimento público, animais morrendo de sede e fome, trazendo para o estado um prejuízo econômico extraordinário, além de um prejuízo social e ambiental imensurável. De 2017 para cá, ocorreram constantes inundações nas cidades localizadas no Sul do estado, decorrentes dos altos volumes das enxurradas.

Esses fatos nos remetem a uma série de reflexões sobre a questão da dinâmica da água. Entre elas: Por que esses eventos extremos estão acontecendo tão frequentes? Entendo que existem causas naturais, nas quais não podemos intervir, mas existem causas antrópicas.

As causas naturais regem a duração e a frequência das chuvas. Mas existem as causas antrópicas, que estão influenciando na questão da infiltração e no escoamento dessas águas. Para explicar este fato, cito um estudo realizado em 2020. Numa microbacia do Rio Itabapoana, identificou-se que 67% dela apresenta grau de vulnerabilidade ambiental de alta até muito alta. O maior problema identificado, associado a essa vulnerabilidade, foi a falta de cobertura do solo. Além disso, identificou-se que as áreas com vulnerabilidade muito alta sofreram expansão de 14,5% entre os anos de 1985 e 2017.

Regiões como essa são comuns não só no Espírito Santo, mas em todo o mundo. O que pode explicar, em boa parte, as cheias nos períodos chuvosos e a escassez de água nos períodos secos, pois as condições não são favoráveis à sua infiltração.

Outro aspecto importante, que temos que observar, está na disponibilidade per capita de água. Aqui, precisamos lembrar que o volume de água no planeta é imutável, porém é mal distribuído. Assim, em algumas regiões existem abundância de água e, em outras, escassez.

Vamos nos remeter a uma reflexão em uma mesma região: o aumento da população local leva a um aumento da demanda e aos conflitos pelo uso da água. Além desse aspecto, tem-se a degradação da água por meio da poluição/contaminação. Ora, quanto mais água poluímos/contaminamos, menos água teremos disponível para consumo humano.

Assim, o uso indiscriminado de nossas águas nos remete à sua contaminação. Exemplos estão em todo o lugar. O mais comum são os esgotos domésticos, lançados in natura nos mananciais; esgotos industriais, despejados sem nenhum controle; o uso, em muitas das vezes, indiscriminado dos agroquímicos, que contaminam o solo e a água; etc.

Não nos interessa, aqui, refletir se em nossa região tem abundância ou escassez de água. O que precisamos ter em mente é que se houver pouca disponibilidade de água e não tomarmos os cuidados para não poluir nem gastar em excesso, ela vai acabar logo. Se tivermos água com certa fartura e também não tomarmos os devidos cuidados, um dia ela acaba.

Finalizando, quero deixar esta frase para reflexão: “A água é inesgotável e essencial à vida, mas um dia podemos ficar ela”.

Texto escrito por José Geraldo Ferreira da Silva, associado da ASSIN, pesquisador aposentado do Incaper, professor do Mestrado na FVC, doutor em Engenharia Agrícola. Contato: j.geraldo525@gmail.com.

 

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  • Adolfo Brás Sunderhus disse:

    Obrigado ao camarada e companheiro de luta pesquisador e extensionista. Bela reflexão para todos e todas do nosso convívio profissional e para todos e todas que buscam esta rede associativa.

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