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17 de abril também é Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores do Campo

Por 17 de abril de 2021Assuntos Gerais

Texto escrito por Júlio Cezar Mendel, presidente da FETAES.

O dia 17 de abril é uma data emblemática para todos que lutam pelos direitos da população do campo. Foi nesta data, em 1966, que 19 trabalhadores rurais sem terra foram mortos pela Polícia Militar no estado do Pará. Bravos homens que tiveram suas vidas ceifadas enquanto lutavam por uma mais justa distribuição de terras e pelo combate à pobreza no campo. Esse triste episódio expôs para todo o país a violência sofrida por homens e mulheres que lutam por mais direitos no campo. Em consequência disso, em 2002, foi instituído o dia 17 de Abril como o Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores do Campo.

Assim, a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Espírito Santo (FETAES), junto às demais entidades e movimentos sociais do campo, relembram esta data realizando manifestos em todo o país, a fim de pressionar o governo a priorizar a pauta da Reforma Agrária e dos demais direitos e políticas da população rural. Além disso, honramos a memória daqueles que perderam suas vidas na luta pela terra.

A situação dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais não se difere da situação da classe trabalhadora em geral, no nosso país, que luta contra o desemprego, por melhorias na saúde, na educação, na habitação, por garantias previdenciárias, por salários dignos, pela erradicação do trabalho infantil e escravo, por respeito à autodeterminação dos povos indígenas e pela preservação do meio ambiente; e que deseja ter melhor qualidade de vida, de poder trabalhar, plantar e colher alimentos saudáveis e de qualidade, e de ter condições dignas de permanecer no campo.

Os/As trabalhadores/as do campo produzem a maior parte dos alimentos que chegam à mesa de toda a população, diariamente. Mas seguem enfrentando muitos retrocessos, com a perda de direitos e a criminalização quando se trata da luta pela terra. Terra esta que está concentrada nas mãos de 1% da população e coloca os trabalhadores e as trabalhadoras do campo na triste situação de não ter terra para plantar.

Por isso a FETAES se mobiliza em torno dessas questões e na busca da implementação do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS), para que haja uma real implementação nos territórios, que sejam garantidos à população do campo o acesso a terra e aos direitos básicos, como saúde e educação, assim como um crescimento econômico com justiça, participação social e preservação ambiental, possibilitando a construção da cidadania, de forma que as questões econômicas estejam articuladas às questões sociais, culturais, políticas, ambientais e às relações sociais de gênero, geração, raça e etnia.

Justiça social significa, então, que aqueles e aquelas que alimentam o mundo vivam em condições dignas e em paz no campo, sem serem julgados/as por defenderem seus direitos e territórios. Portanto, para que todos esses direitos da população do campo sejam alcançados e tornem-se realidade e a felicidade deixe de ser uma fantasia, é preciso lutar. Apesar dos muitos anos de luta e representatividade da FETAES por esses objetivos, a distribuição injusta da terra e o empobrecimento do campo persistem.

Então, façamos um chamamento para que este Dia Internacional das Lutas dos/as Trabalhadores/as do Campo seja sempre lembrado como forma de reivindicar e continuar trabalhando com luta e resistência, porque os direitos dos/as trabalhadores/as do campo não podem ser substituídos por políticas públicas baseadas nos interesses do mercado global e do agronegócio.

Vamos em frente e em memória de nossos/as companheiros/as que perderam a vida em busca de direitos a terra e a qualidade de vida no campo.

Dia Internacional da LUTA dos Trabalhadores do campo, dia de resistência!

Fotos: Arquivo FETAES

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