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Fórum de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos alerta sobre os riscos no uso desses produtos nos solos do ES

Por 11 de janeiro de 2020Assuntos Gerais

Neste dia 11 de janeiro, quando é reconhecido o Dia de Controle da Poluição por Agrotóxicos, sugerimos a leitura de uma matéria publicada no site Século Diário, no início deste ano. O conteúdo, escrito pela jornalista Fernanda Couzemenco, fala sobre os malefícios de alguns venenos agrícolas que, mesmo banidos em alguns países europeus, ainda são muito usados no Espírito00 Santo.

Nosso colega Edegar Antonio Formentini, engenheiro agrônomo e representante da Associação dos Servidores do Incaper (Assin) na Comissão de Saúde e Meio Ambiente do Fórum Espírito Santense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos (Fesciat) – órgão criado e vinculado ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) desde setembro de 2017 – fala sobre as pesquisas e os estudos que vem desenvolvendo junto ao fórum, apontando alguns dos resultados já encontrados pela equipe.

Boa leitura!

 

Agrotóxicos banidos da União Europeia têm elevado consumo no Espírito Santo

Fipronil, Tiametoxam e Imidicloprid são mortais às abelhas, prejudicando a agricultura e a biodiversidade

A informação é uma das melhores ferramentas de proteção contra os malefícios dos agrotóxicos. E é exatamente a informação científica qualificada que vem sendo dificultada no Brasil, campeão mundial no consumo de venenos agrícolas. Também no Espírito Santo, onde as monoculturas de eucalipto, cana-de-açúcar, pastagem e café estão entre as que mais demandam a manutenção do modelo arcaico de produção sustentado pelo agronegócio.

O Fórum Espírito Santense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos (Fesciat), criado em setembro de 2017 no âmbito do Ministério Público Estadual (MPES), tem se proposto a reverter esse cenário de obscurantismo, integrando dezenas de instituições, entre órgãos públicos, entidades de classe e universidades, como as Secretarias de Estado da Agricultura e Saúde (Seag e Sesa), o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps), a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).

Por meio de suas comissões temáticas, e coordenação da promotora Sandra Lengruber da Silva, o Fórum tem sistematizado dados públicos e revelado as raízes da contaminação crônica do solo, da água e dos alimentos pelos agrotóxicos, muitos deles comprovadamente carcinogênicos e muitos já banidos em diversos países.

Num de seus estudos, o engenheiro agrônomo Edegar Antonio Formentini, representante da Associação dos Servidores do Incaper (Assin) na Comissão de Saúde e Meio Ambiente do Fesciat, relacionou os usos ainda feitos no Estado de três agrotóxicos – Fipronil, Tiametoxan e Imidicloprid ou Imidacloprido – banidos recentemente na União Europeia devido à sua letalidade contra as abelhas, insetos considerados essenciais para a sustentabilidade da agricultura e biodiversidade das florestas.

Concentração 

Na síntese do estudo, Edegar destaca culturas como cana-de-açúcar, milho, abacaxi, alface, batata, berinjela, café, citros, tomate, eucalipto, feijão e tomate, como os principais alvos dos três venenos, além de três municípios, onde os mesmos são mais utilizados: Pedro Canário, no noroeste, Serra, na Grande Vitória, e Venda Nova do Imigrante, na região serrana.

O Fipronil, informa o agrônomo da Assin, ainda é usado na Espanha, Hungria, Bulgária, República Tcheca e Eslováquia, tendo sido banido nos demais países da União Europeia. Voltado às culturas da cana-de-açúcar, milho e soja, principalmente, o Fipronil concentra em Pedro Canário 53% (461 kg) de todo o volume comercializado no Espírito Santo (870 kg) no primeiro semestre de 2018. As regiões de produção de açúcar e álcool receberam a quase totalidade do Fipronil lançado dentro dos limites do município, usado para controlar a broca e o cupim dessa monocultura.

No caso do Tiametoxam, prossegue Edegar, a Serra concentrou quase 50% dos 7,7 mil kg comercializados no Estado no período, com objetivo de controlar o bicho mineiro do café, havendo também utilização em outras culturas, como abacaxi, alface, batata, berinjela, café, citros, tomate, eucalipto e feijão.

Já o Imidicloprid ou Imidacloprido, teve em Venda Nova do Imigrante seu principal sítio de aplicação, cerca de 25% do 9,4 mil kg vendidos no Estado nos seis primeiros meses de 2018. Seu uso mais provável é voltado ao controle da mosca branca de culturas diversas, como algodão, batata, feijão, citros, soja e tomate, discorre Edegar.

Complacência 

Os efeitos maléficos dos agrotóxicos são muitos, enfatiza o pesquisador da Comissão de Saúde e Meio Ambiente do Fesciat. Cada um deles, no entanto, se destaca em alguns efeitos maléficos à saúde ou ao meio ambiente. E cada país ou bloco de países, contextualiza, tem sua legislação própria e dá mais destaque a uma ou a outra característica maléfica destes produtos, apertando a legislação sobre seu uso tendo em vista tais características.

“O Brasil tem sido muito complacente com todos os agrotóxicos, tanto nos aspectos de saúde como nos aspectos ambientais. Temos por exemplo um produto altamente utilizado que tem seus níveis de resíduos permitidos na água de beber, cinco mil vezes superiores aos níveis estabelecidos pela União Europeia”, exemplifica, referindo-se ao glifosato, princípio ativo do roundup, agrotóxico largamente utilizado no Brasil e no Espírito Santo há mais de 40 anos e comprovadamente relacionado ao surgimento de tumores malignos em humanos, rendendo inclusive uma indenização milionária a um jardineiro dos Estados Unidos em ação movida contra a fabricante Monsanto.

Além da quantidade expressiva comercializada desses princípios ativos altamente toxicas às abelhas, a sua concentração em alguns poucos municípios potencializa os efeitos maléficos dos produtos, destaca Edegar.

“São nossas abelhas sendo exterminadas e,, com elas grande parte de nossa produção agrícola que depende delas para a polinização, bem como o aumento do risco de diminuição da biodiversidade da vegetação nativa que também tem, nas abelhas, seu principal meio de polinização das suas espécies”, alerta.

 

Conteúdo retirado do site Século Diário.

 

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