As eleições de 2014 aconteceram. O momento legítimo do exercício do voto direto, conquistado com muita luta, busca expressar o sentimento da sociedade organizada em seus diversos segmentos representativos, através da escolha de representantes para os poderes executivo e legislativo.
Desta forma, escolhemos no Estado do Espírito Santo o governador do Estado, 01 senadora da república, 10 deputados federais e 30 deputados estaduais. Esta escolha consolida a cada um a representação do povo capixaba. Tivemos tempo de sobra para refletirmos, para nos organizarmos e de forma consciente levar nossa contribuição para melhoria da política do Estado, e também no Brasil. Sobretudo, buscamos sim a tentativa de mudar a sua lógica, a sua forma de pensar e agir.
E o que esperamos ver é que no Estado não volte a existir o discurso do medo e do retrocesso, como o que já experimentamos em nossa recente história política. Mesmo que não tenhamos conquistado todas as mudanças necessárias com esta eleição, uma certeza fica: a de que estamos mais atentos aos nossos parlamentares e ao poder executivo capixaba. Estamos mais vigilantes para não deixarmos voltar a tentativa de formação de grupos de se manter no poder sem compromisso com o desenvolvimento sustentável do Estado.
Ou seja, o que nos fica de lição passada a eleição é o fato de que enquanto sociedade devemos nos fortalecer e nos organizar ainda mais para podermos fazer de 2015 um ano que possa mudar a cara política e a cara dos políticos do Espírito Santo. Temos que estar atentos para não deixarmos que o discurso do vazio político preencha os espaços vivos da sociedade capixaba.
Precisamos nos fortalecer em nossos bairros e comunidades, no meio urbano e rural, e discutirmos as nossas reais necessidades para que possamos inteferir de forma propositiva na busca e na solução dos problemas através de políticas públicas estruturantes e não por práticas compensatórias imediatistas e individuais. Precisamos estar atentos à composição dos blocos que se formaram na Assembleia Legislativa do Estado, buscando sobretudo estar presente junto ao parlamentar que elegemos, visitanto o seu gabinete, levando propostas que retratam a natureza coletiva. Esta também deve ser nossa ação e atitude diante dos deputados federais e da senadora eleita. E não cabe aqui nenhuma cor ou ideologia partidária. Não podem estar acima do direito do cidadão, pois todos foram eleitos com um objetivo concreto: apresentar propostas para o crescimento e desenvolvimento do Estado e do Brasil. E aí, não podemos deixar de estar presentes. Se faltarmos, outros se farão presentes e as propostas poderão não ser aquelas pelas quais lutamos.
Enquanto cidadãos organizados e enquanto movimentos sociais, precisamos estar atentos e ligados não somente às decisões do poder executivo, mas sobretudo as do parlamento, e assim, é hora de fazermos uma reflexão. Este parlamento não pode ficar sozinho, não podemos deixar os parlamentares eleitos com nosso voto caminharem unicamente por sua razão ou vontade. Assim, 2015 é o ano em que esta mudança precisa ser concretizada, pois o exercício da democrácia se faz com luta e presença…não tem espaço para boa vontade individualizada. Precisamos ir para dentro das casas de lei e defendermos nossos interesses coletivos.
As perguntas são muitas e as respostas têm sido poucas durante anos. Enfim, precisamos nos organizar, reunir mais simpatizantes às causas coletivas. O sistema político está doente? Sim, está. Mas de nada adianta caminharmos neste rumo. Precisamos vencer esta inércia e agirmos buscando curar o sistema. Só tem um jeito: é preciso tratá-lo de dentro para fora, pois somente assim o tratamento será eficiente. E não quero com isto dizer que precisamos ser candidatos a isto ou aquilo. Precisamos sim ser participativos, estarmos presentes nas discussões em nossas associações, sindicatos e nos fazer presentes nos atos motivadores para quebrarmos paradigmas e construirmos um novo amanhã. A eficiência do tratamanto passa por aí.
Usamos nossa arma, o voto. Uma arma forte com poder transformador. Conquistamos e fomos vencedores em algumas batalhas. Mas a guerra continua. Vamos recarregar a arma que nos resta: nossa vontade de mudança. E esta só pode ser recarregada com nossa participação.
Autor: Adolfo Brás Sunderhus