Todos nós temos o nosso caminho e construimos nele o nosso destino de acordo com a forma que escolhemos para viver. O agrotóxico nasceu como uma arma de guerra para matar e não para proteger. Usar estes venenos nas plantações é o mesmo que tratar o campo como um lugar em que ocorre batalhas entre os agricultores, os insetos e as plantas. E o campo está para muito, muito além disso. Um dos grandes argumentos que se usou para introduzir estes venenos à sociedade rural foi de que acabariam com a fome e diminuiriam os desequilíbrios sociais no meio rural. Hoje o que vemos? O que temos? E só para uma reflexão. A aplicação destes agressivos químicos – veneno – nas lavouras e no ambiente da propriedade rural esta deixando de ser apenas uma questão com relação direta à produção de alimentos e se transforma na atualidade num grave problema de saúde pública e preservação da natureza. O seu consumo está numa relação direta com o avanço do agronegócio dentro de um modelo de produção que concentra a terra e utiliza cada vez mais, ano a ano, quantidades crescentes de venenos para garantir a produção em escala.
Dados apresentados pelo pesquisador da Fiocruz, Alexandre Pessoa Dias, nos diz que as taxas de consumo de agrotóxicos estão relacionadas ao modelo de produção, potencializado pela indústria de venenos, que alimenta-se a cada ano, tendo como medida o desempenho do setor nas vendas realizadas, pois o modelo de desenvolvimento no meio rural e aquele indutor do agronegócio.
É preciso que o poder público executivo, o legislativo e o Ministério Público estejam preocupados com este tema, fazendo com que esta discussão tenha relevância nos pequenos municípios onde se estabelece a agricultura familiar, que fica refém das revendas.
É necessário que se estabeleça uma forte ação contra o processo de indução ao uso de venenos pelas famílias rurais, estabelecendo como prioridade a adoção de uma matrix tecnológica mais humana, que tenha sua centralidade nas pessoas e não nos produtos, que tenha os princípios da produção na agroecologia e na agricultura orgânica, que tenha sua sustenbilidade econômica em processos de comercialização mais justos e solidários, como nas feiras livres de agricultores orgânicos, hoje uma realidade transformadora no Estado e que precisa ser potencializada.
Nós precisamos ser capazes de superar este obstáculo e mais, de fazermos esta ação de forma coletiva, sociedade e governo, de forma compartilhada, sentando no banco da praça e discutindo as nossas necessidades e nosso poder de ação. A agricultura precisa ganhar comprometimento do governo em políticas públicas estruturantes e na ótica de uma transformação para inclusão social, produtiva, econômica e ambiental. E não será com esta agricultura que construiremos novas possibilidades, pois o veneno mata o a realidade do campo e mata o sonho de uma sociedade urbana mais sustentável do ponto de vista da segurança alimentar e nutricional.
Portanto dizer NÃO AO USO DOS VENENOS – AGROTÓXICOS É E SEMPRE SERÁ O DIA A DIA DA ASSIN.
Autor: Adolfo Brás Sunderhus