Texto: Ricardo Eugênio Pinheiro. Agente de Extensão em Desenvolvimento.
Greve é a interrupção voluntária e coletiva de atividades ou funções, por parte de trabalhadores ou estudantes, como forma de protesto ou de reivindicação, segundo o Dicionário Aurélio.
A greve é um recurso que serve para dar visibilidade pública às situações de abuso e desrespeito às condições de trabalho. É uma estratégia de luta e de pressão sobre os sujeitos políticos para que tomem providências em face das situações que violam direitos de cidadania e conquistas dos trabalhadores.
A greve também serve para que aprofundemos nosso conhecimento sobre determinados aspectos da realidade que, pela rotina do cotidiano, deixamos de observar de forma crítica, responsável e comprometida. A greve serve, também, para aprofundar os laços de solidariedade entre os segmentos que lutam por uma mesma causa.
Então, por que não participar da greve?
Na maioria das vezes, os que não aderem à greve se justificam afirmando que não participaram de tal decisão, que não se sentem representados pelas entidades, defendendo o direito individual de não acatar decisões coletivas. E desta vez, estou ouvindo muito que este não é o momento de fazer greve.
No entanto, diante de tais justificativas, podemos questionar: se efetivamente não é uma maioria dos servidores do Incaper que defende a greve, e ela interfere na vida de toda a categoria, filiados e não filiados à Assin e aos Sindipúblicos, onde estavam os contrários à greve quando tal decisão foi tomada?
O que é mais autoritário: acatar uma decisão democraticamente tomada num espaço deliberativo, que é a assembleia, ou ignorar tal decisão e tentar impor um padrão de normalidade quando a realidade concreta desmente tal normalidade?
Furar a greve em nome de um direito individual abstrato é coerente com a aceitação passiva dos ganhos coletivos decorrentes da greve, ou é uma atitude individualista e acomodada daqueles que esperam que os ganhos venham pelo esforço dos outros?
É justo usufruir os ganhos de uma luta da qual não participei?
Furar a greve não é um direito, é uma postura individualista, desrespeitosa e descompromissada com a luta coletiva.
Outras considerações e reflexões sobre a greve:
- Greve é direito constitucional que assegura o direito a todo trabalhador, competindo-lhe a oportunidade de exercê-lo sobre os interesses que devam por meio dele defender.
- Legitimidade do exercício de greve, com a suspensão coletiva temporária e pacífica, total ou parcial, de prestação de serviços.
- A adesão ou saída do servidor ao movimento de greve é uma atitude voluntária, individual e espontânea e que deve acontecer em qualquer momento do movimento de greve e ser respeitado pelos demais colegas.
- O período de greve é para os servidores, orientados e delegados pelas suas representações sindicais e associativas, buscarem e executarem estratégias e meios para alcançarem os objetivos que se propõem a greve.
- Greve não é férias e nem período de repouso, e sim de “luta” e mobilização para concretizar as propostas e estratégias de ações deliberadas em Assembleias.
Sugestões de como podemos participar de forma ativa da greve:
1 – Conhecendo a política do governo do Estado do Espírito Santo para os servidores, problematizando-a em face das condições objetivas que você encontra para realizar seus trabalhos.
2 – Participando das atividades realizadas durante a greve.
3 – Conversando com seus colegas de trabalho, familiares e amigos sobre as condições de precarização dos serviços públicos estaduais e sobre os motivos que levaram os servidores do Incaper a entrar em greve.
4 – Conversando com seus colegas sobre a importância de fortalecer a luta coletiva, unificados em defesa de uma Ater e pesquisas de qualidade, que leve em conta a valorização dos servidores como pressuposto essencial para atingir seus objetivos.
5 – Sendo solidário com seus colegas que estão diretamente envolvidos nas atividades de greve e na luta coletiva em defesa da melhoria das condições de trabalho no instituto.
Texto baseado no informativo nº 671 de março de 2013 – Sinjus (MG)
Muito bom seu texto Ricardo. Quem não está na greve sempre tem uma boa desculpa, mas no fundo todos sabemos o real motivo que leva algumas pessoas a não trabalhar pelo coletivo, porém essas mesmas pessoas esperam os ganhos que viram com os esforços alheios.
Prezado colega Ivanildo, após a compreensão do conhecimento evidente e lógico do texto do Ricardo sobre a clareza e legalidade do nosso movimento e do momento que todos nós estamos passando, você acabou por definir numa linguagem mais coloquial, os colegas que podemas qualificar como verdadeiros parasitas do sistema e do nosso movimento. “Eles simplesmente se limitam a dizer de forma acomodada: Ah! eu não vou nesse movimento não, não sou a fovor de greve não, o que vocês conseguirem eu também consigo e ganho, não preciso participar, eu não gosto disso não.”
É uma pena que eles não sintam dentro de si a importância de ser parte nas lutas e nas conquistas, da satisfação pessoal e íntima de ter ajudado a conseguir os resultados concretos que sempre conseguimos, mas com lutas e muito esforço. Não poderão ter o bom orgulho de dizer para si mesmo olhando no espelho, “eu ajudei, fiz a minha parte, estou feliz, também sou um vencedor, sou parte do todo.” Mas no fundo do seu íntimo a consciência deles vai lhes dizer: ” você é um acomodado, um parasita, aproveitador da luta e do esforço dos seus colegas determinados e vitoriosos, imite-os daqui para frente, tome vergonha na cara, você ainda pode se modificar para melhor, ser honesto consigo mesmo e com o seu próximo, que são os seus colegas de luta, reaja meu irmão! Ainda há tempo, torne-se um deles e será feliz e relizado em sua auto-estima, em seu interior, no seu coração.”