Companheiros. É com muita tristeza e preocupação que começo a escrever esta minha impressão sobre o momento conjuntural por que passa o Brasil. Mas é com coragem e desprendimento que o faço. Tenho certeza de que muitos não me compreenderão, mas a consciência me impulsiona a isto. A história nos há de julgar com justiça!
Em primeiro lugar, gostaria de salientar que o projeto político que hoje está sendo conduzido pelo Partido dos Trabalhadores (PT) não foi proposto nem pelo Lula, nem pela Dilma e muito menos pelo PT. Este projeto nasceu com as Diretas Já, onde a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e os movimentos sociais nascentes tiveram um papel fundamental, onde os artistas e até jogadores de futebol tiveram papel muito importante. O MDB e o político Ulisses Guimarães coordenaram este processo, que teve como um dos seus pontos fortes a promulgação da Constituição Cidadã de 1988.
O projeto gestado durante a campanha das Diretas Já era um projeto de Brasil não totalmente claro, mas trazia em seu bojo vários valores fortemente enraizados na sociedade brasileira. O primeiro era a liberdade, o segundo e não menos importante, era a justiça social. Vinham a seguir outros com enorme importância para o Brasil daquela época, e também para o Brasil de hoje. Direito à saúde, direito à educação, direito integral para os negros e para as mulheres, proteção às culturas indígenas, entre outros.
É certo que a sociedade não foi, não é, e nem será monolítica. Nas eleições que se seguiram à promulgação da Constituição de 1988, a disputa por vários projetos de país acabaram acontecendo. Alguns projetos que inseriam todos os valores acima, outros apenas democráticos, outros até de retrocesso.
Em 2003 ganhou o projeto mais próximo daquilo que o povo brasileiro reivindicava desde o início da década de 1980. Liderado por Lula e pelo PT este projeto trouxe para o Brasil enormes avanços. Tirou o Brasil do mapa mundial da fome, tirou milhões de brasileiros da extrema pobreza, milhões de famílias passaram para a classe média, as mulheres e os negros estão progressivamente sendo incluídos plenamente na sociedade e o ensino universitário está sendo estendido às camadas mais pobres da população com uma velocidade razoável.
A minha tristeza e preocupação se assenta no fato de que a grande imprensa, parte do judiciário e da polícia federal não têm como objetivo principal o combate à corrupção (veja a Privataria Tucana, as manipulações das licitações do metrô paulista, as informações sobre o aeroporto de Cláudio que caíram no esquecimento) nem aos corruptos (basta ver os deputados das pequenas siglas e muitos do PMDB que são o centro da corrupção na Petrobras e quase não se fala neles) e nem do Lula, da Dilma e do PT (pois junto com estas denúncias estão sempre vinculadas a retirada dos programas sociais, a diminuição dos impostos e a desvalorização do serviço público).
O que de fato estes setores da sociedade querem é acabar com o projeto de um Brasil livre, democrático e justo para todos, onde as pessoas são o centro do processo. Na verdade, eles querem é um país onde o centro seja o capital e a justiça seja apenas para as classes mais abastadas da sociedade.
A sociedade brasileira não pode permitir isto.
Que a corrupção seja combatida em todos os setores, que o projeto para o Brasil seja de um pais livre, democrático e justo para todos, onde as pessoas sejam o centro do processo!
A tristeza e a preocupação se reforçam na certeza de que, pelo cenário que está desenhado hoje, só com os movimentos sociais ocupando as ruas e chamando a população, é que conseguiremos construir o país livre, democrático, solidário e justo para todos. Precisamos lutar para impedir que o retrocesso se instale pacificamente no nosso país.
Deixo para nossa reflexão a partir da matéria do Presidente da ASSIN a seguinte mensagem:
A FÁBULA DA CONVIVÊNCIA
Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais.
Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte.
E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos.
Dispersaram-se, por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus semelhantes.
Doíam muito… Mas, essa não foi à melhor solução: afastados, separados, logo começaram a morrer congelados.
Os que não morreram voltaram a se aproximar pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava certa distância do outro, mínima, mas o suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver sem magoar, sem causar danos recíprocos.
Assim suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.
É fácil trocar as palavras… Difícil é interpretar os silêncios!
É fácil caminhar lado a lado…. Difícil é saber como se encontrar!
É fácil beijar o rosto… Difícil é chegar ao coração!
É fácil apertar as mãos… Difícil é reter seu calor!
É fácil sentir o amor… Difícil é conter a sua torrente!
Muito bom artigo Edegar! Mais reflexão e menos “midiotagem”.
Att,
Ivanildo
Excelente texto, que bom seria se todos tivessem o mesmo objetivo, ou seja, o combate a corrupção.
Olá, pessoal da Assin!
Muito bom, poder receber emails de vocês!
Muito Obrigado!
Edson Pacheco
Eldr BSF-ES