Semeando Água

Neste Dia Mundial da Água, alguns associados falam sobre a responsabilidade da agricultura para economizar água

É possível utilizar água na agricultura com racionalidade e sem desperdício. Diante da crise hídrica em regiões importantes do Brasil, é fundamental que o campo contribua para minimizar o desperdício, adotando boas práticas de racionamento. Afinal, a agricultura consome cerca de 70% da água doce da Terra.

“A grande quantidade do recurso que é utilizado para manter as plantações pode assustar, mas temos consciência da nossa responsabilidade. Existem várias práticas que reduzem os impactos, que vão desde o armazenamento do excesso de água em barragens até o reflorestamento próximo as nascentes”, explica o associado Gilmar Dadalto, Mestrado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas), pela Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG).

Além de economizar água, Gilmar destaca que é muito importante preservar as áreas cultivadas para não causar a erosão do solo e favorecer a infiltração da água. Dessa maneira, evita-se o desperdício e faz com que as plantações sejam mais saudáveis. “A água é um bem muito valioso para a agricultura e por sabermos a sua importância cuidamos muito bem dela”, afirma.

Nesta época de escassez, o setor agrícola precisa se alinhar a soluções que aumentam a eficiência sem escassear o recurso. “Estamos há quase 4 anos sem chuvas expressivas e os lençol freático está baixando e as nascentes estão secando e, devido a isso, rios e lagoas também estão baixando o nível. A consequência é a redução da produção e da renda do produtor rural”, explica José Geraldo Ferreira da Silva, Doutorado em Engenharia Agrícola, pela Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG).

A Secretaria da Agricultura, no final de 2016 calculou um prejuízo de R$ 3,6 bilhões nos últimos dois anos, atingindo principalmente a cafeicultura de conilon no ES. “A boa notícia é que hoje será o lançamento do Plano Estadual de Recursos Hídricos, uma agenda que está atrasada em pelo menos 20 anos”, diz Lúcio Herzog De Muner, Doutor em Recursos Naturais e Sustentabilidade pela Universidade de Córdoba, na Espanha

O associado Geraldo também explica que as medidas para superar essa crise são em longo prazo, mas algumas práticas para uso mais sustentável da água podem ser adotadas. Segundo Geraldo, os produtores podem se beneficiar com cisternas para captação da água da chuva e seu reaproveitamento nas plantações. Os sistemas de irrigação também podem ser otimizados para distribuírem água sem desperdício.

Lúcio também cita algumas práticas de manejo do solo e da água incentivadas pelo Incaper: Implantação de caixas secas em carreadores e estradas vicinais para coletar a água da chuva e promover a recarga dos lençóis freáticos; manejo de roçadas nas lavouras de forma a manter o solo coberto para redução do processo erosivo e melhoria da capacidade de retenção de água do solo e cultivo de variedades tolerante à seca.

Outras tecnologias são sensores no solo que medem a umidade, pluviômetros que dizem se já choveu o suficiente para suprir a implantação, irrigação por gotejamento e por Micro Aspersão. “O produtor rural está investindo cada vez mais em tecnologia, a cada dia aumenta o uso de irrigação com maior eficiência proporcionado uma economia de água”, diz Geraldo.

“Precisamos de disciplina porque a água é um recurso finito e precisa de um manejo adequado. Na época de fartura muitos se esquecem disso, apenas na época da seca é que as pessoas se lembram de economizar. Isso vale tanto para o meio rural quanto urbano, todos precisamos nos conscientizar para evitar os desperdícios e os racionamentos, assim terá água para todos”, completa Gilmar.