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Reflorescer: a força da Extensão Rural na história da família de Geneuza e Romildo

Por 29 de setembro de 2022Assuntos Gerais

Já é primavera! Tempo de renascimento, em especial para quem está inserido na vida rural. A estação reforça o retorno da chuva e fortalece o período de plantio, o que permite um novo ciclo de produção. Esse sentimento de renovação da primavera inspirou a ASSIN a falar sobre um trabalho que potencializa a importância da ATER e enfatiza a valorização da Extensão Rural de nosso Estado.

Quem compartilha esse relato conosco é o engenheiro agrônomo Aristodemos de Paiva Hassem, coordenador local e Agente de Extensão em Desenvolvimento Rural no Incaper, em Ibitirama. Por meio do projeto HorizontES em Extensão, Aristodemos teve contato com a família de Gineuza de Paula Eugênio e Romildo Pereira Moraes. E, como ele mesmo explica, um trabalho que se atentou inicialmente ao social para, depois, abraçar a ATER com todos os seus recursos.

“Eu sempre declarei que sou um apaixonado pela ATER, mais especificamente pela Extensão Rural. Eu a acho mágica. Ela mexe com o fundo da nossa alma, ela mexe com a força que cada um de nós temos, e faz com que a gente use essa força para vencer as barreiras. E quando você consegue atingir esse alvo, como é o caso do Romildo e da Gineuza, deles conseguirem virar essa página, você vê que a força está com a gente mesmo”, declara Aristodemos.

Em 2021, depois de saírem da cidade de Durandé, em Minas Gerais, onde viviam em condições precárias e insalubres, Gineuza, Romildo e seus filhos chegaram ao Espírito Santo com a esperança de recomeçar suas vidas. Trabalhando como boia fria em lavouras de café no município de Ibitirama, ainda viviam em situação de extrema pobreza e vulnerabilidade socioeconômica, com a família invisível ao Estado e impossibilitada de acessar as políticas públicas.

“A partir do treinamento proposto pela Setades, iniciamos um trabalho de capacitação por meio do programa federal de combate à pobreza, o Brasil sem Miséria, além do programa estadual Incluir no Campo. Em seguida, iniciamos uma busca ativa a esses vulneráveis, ainda invisíveis, o que nos levou a identificar e cadastrar mais de 20 famílias, incluindo a da senhora Gineuza e o do senhor Romildo”, pontua Aristodemos.

Eis o primeiro florescer dessa família. Porque a partir desse contato, e com a ajuda no desenvolvimento de um projeto, os dois conseguiram por meio do Programa Fome Zero o recurso financeiro de R$ 2,4 mil para adquirir uma máquina de costura, além de tecidos e aviamentos para confecções de roupas e peças artesanais, fortalecendo uma atividade que já era desenvolvida por eles.

O projeto de costura foi apenas o começo da mudança. Porque, a partir dele, veio a oportunidade de adquirir um veículo no valor de R$ 14 mil, o qual foi usado em 2014 para a compra de uma lavoura de café arábica. “Eles sempre estavam confiantes na mudança e no crescimento da família”, relata Aristodemos.

Mas nem sempre o primeiro plantio já promove a melhor colheita. Os primeiros dois anos cuidando da produção cafeeira foram difíceis, e com grande parte da renda sendo destinada para pagar a compra da área. Depois de muito empenho, e sem desistir, conseguiram em 2016 recuperar e renovar toda a lavoura. E ainda ampliaram o plantio para frutas e olerícolas, abrindo o mercado e fortalecendo a comercialização.

Em dez anos a família saiu da extrema vulnerabilidade para uma situação de pequeno produtor rural, proprietária de terra, com moradia de excelente qualidade e com intenções de expandir a área de plantio. Os sonhos não param, e poder contribuir com esse florescimento é o que fortalece o trabalho da ATER.

São essas conquistas pessoais que fazem com que Aristodemos siga apaixonado pela sua profissão. “A ação da extensão rural é fundamental na implantação de programas como esse, mas principalmente na implementação das políticas públicas como ferramenta para alavancar o desenvolvimento sustentável do setor rural”, reforça.

Em sua visão particular e de muitos anos de experiência, incluindo as conversas que tem com colegas de ATER, Aristodemos acredita que o mais gratificante é conseguir ver as pessoas rompendo as barreiras, ultrapassando as dificuldades e conseguindo alcançar seus objetivos.

“Eu creio e, cada vez mais, fico convicto que a Extensão Rural deve vir antes da ATER como conjunto. Se você conseguir conquistar esse lado social do produtor, esse lado humano do produtor, você chega com muita mais força na Assistência Técnica. E é isso que está acontecendo com essa família”, defende Aristodemos.

Ele acredita e defende que ao trazer o social como ação inicial de fortalecimento do produtor e de sua família, você torna a base muito mais forte e já chega na parte técnica com o embasamento da Extensão Rural. “A ação do extensionista e de todos os parceiros é para fazer com que o produtor enxergue essa força nele mesmo, contribuindo ainda para que use esse aparato todo que está em volta dele, os programas sociais, para a sua evolução. Porque quando a gente consegue fazer isso a gente vê como resultado a superação do problema”, pontua.

No caso de Gineuza e Romildo, após toda a superação social alcançada por eles, a parte da Assistência Técnica conseguiu chegar com mais força para contribuir, ainda mais, no crescimento da família. “Agora estamos entrando lá e conseguindo, junto com eles, substituir o cultivo, sentar e programar para que consigam participar de outras políticas públicas, e também estamos pensando em fortalecer a produção de banana, além de buscar produzir um café com mais qualidade”, cita Aristodemos.

Uma conquista que é da própria família. “O mérito com certeza é deles. A gente só precisa vislumbrar os dias melhores que virão com as mudanças que eles estão experimentando a cada dia”, finaliza.

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