Texto escrito por Adolfo Brás Sunderhus*
Na roça ainda temos uma realidade que passa despercebida. A presença e a importância da mulher rural. Da mãe, das nonas, da trabalhadora. Assume uma infinidade de obrigações e afazeres diários diante da necessidade da sua família, de seus filhos e do seu convívio social e comunitário.
Neste contexto da sustentabilidade, para roça e para família, a ASSIN entende ser a mulher da roça essencial, indispensável. Ela se insere em diversas e múltiplas atividades, seja no roçado, seja na vida social e comunitária, seja no processo político associativo e sindical. Umas mais outras menos, e é por isso que esse valor imenso não pode ser somente dito e lembrado em um único dia, mas todos os dias do ano.
Essas mulheres não podem ser escravizadas por atitudes cometidas por homens que acreditam que ela deva ser submissa à vontade masculina, a ponto de se tornarem também a favor dessa submissão. Muitas têm pagado um preço imenso pela sua ousadia, pelo seu protagonismo de mulher em um mundo que teima em exercer um domínio que já não deveria existir em pleno Século XXI.
Hoje a mulher da roça está atualizada e, em sua luta, caminha a passos largos e firmes, sendo protagonista e dona de sua história, respeitando os costumes, os valores e os saberes, mas mostrando que seus valores, sua história e seu saber devem receber o mesmo respeito.
Esta é uma forma de resistência. E assusta alguns. Mas o susto não permite que a mulher da roça seja colocada como um “bicho estranho”, em uma “jaula” com grilhões. A mulher é um ser humano. Uma alma parceira de todos e todas, dia a dia.
Mulher, da roça ou da cidade, não pode se recolher em casa, em sua alma. Seu lugar pode ser no roçado, nos seus afazeres e trabalhos. Na sua luta política. Na vida comunitária social de sua comunidade, do seu bairro e de seu Estado.
FELIZ DIA DAS MÃES
* Adolfo é engenheiro agrônomo, extensionista rural aposentado do Incaper, operário da terra. Está aprendendo com o saber das famílias da roça, suas práticas e experiências. Escreve o que acredita e o que sente.
Texto revisado pela Assessoria Jurídica da Assin – Thanany Machado Dario