
Texto de Adolfo Brás Sunderhus*
Vivemos no atual momento uma histeria propositada, pensada e que teve seu início ainda na eleição passada (2018). Vivemos, a todo o momento, com aqueles e aquelas que se dão ao luxo de dizer e apontar o dedo para onde quiserem, acusando, julgando e proferindo sentenças, em atos de pura violência e covardia.
Mesmo vivendo em sociedade, negamos a construção de experiências coletivas desta sociedade para viver uma individualidade, com “verdades pessoais” contrárias a direitos legítimos, como se ter acesso a um direito fosse o grande culpado. Nesta condição, estamos vivendo uma sociedade omissa, que se recusa a buscar a verdade e aceita o “anjo da morte” como o salvador de todos e todas, sem uma reflexão madura e consciente.
Ao impregnar a sociedade dessa forma, os poderes constituídos se inserem no dia a dia nessa mesma violência, e fica mais evidente o lado sombrio da “nova” gestão pública, que estava só encoberta e que, agora, já revela atos desprovidos de qualquer respeito com a diversidade, a igualdade, a justiça social. Enfim, nega a oportunidade de participação da sociedade.
A grande jogada foi dada ao se retirar do poder político uma visão de Estado, que estava em desconformidade com os interesses de uma “elite” e da classe empresarial, que se julgam donos desse Estado. E tudo isso tem sim um motivo “nobre”: essa classe não admite ver os filhos e as filhas da classe, dita por eles, “suburbana” sentarem-se ao seu lado na cadeira de uma faculdade pública, em ocuparem postos de trabalho que julga ser a única dona, ou um simples assento de um avião.
O que essa classe “dominante” busca é manter os “suburbanos” em seu lugar (de acordo com o seu pensar), cabendo-lhes apenas as migalhas e a subordinação a “classe superior”. Ao “pensar e agir” assim, racistas renascem com força, encorajados pela covardia e pela violência de atos públicos de um governo e de um governante repulsivo, que desrespeita as mulheres, as comunidades tradicionais, os/as negros/as, os/as jovens da periferia, os/as trabalhadores/as e os direitos das minorias. Ele e sua tropa de legisladores.
Vivemos uma violência tal qual o mar de lama que se arrasta: ela invade, suja e imunda a moral, a ética e os valores sociais. Essa mesma lama invadiu corpos e mentes dessa elite, a mesma que hoje diz que a esquerda é todo o mal que paira no Brasil. E com essa teimosia, aliada ao ódio desmedido com aqueles/as que pensam de forma contraditória a sua vontade e à ausência do diálogo político em ambientes públicos e privados, a sociedade se aproxima do mais anormal e despreparado cidadão que nunca, em sua vida pública, teve a coragem de debater e ir enfrentar o contraditório.
O que nos resta enquanto cidadãos e cidadãs? Sermos vigilantes. Lutar e mudar essa prática terrível que entrou por portas e janelas mal construídas e sem qualquer formação, para que possamos discutir e defender direitos simples, como o de ser feliz. Não podemos ser infantis nesse processo político e, muito menos, nos assemelharmos a essas formas de tortura e violência.
* Engenheiro Agrônomo, extensionista aposentado do Incaper e operário da terra.
Concordo, a elite é conivente com a destruição. A violência se transportou para o mundo virtual e o cidadão não sabe o que é cidadania, é individualista.