
Texto de Adolfo Brás Sunderhus*
A sociedade se organiza a partir do entendimento de suas necessidades, buscando as soluções necessárias dos problemas e tendo como princípio que essas alcançaram a grande maioria das pessoas.
O governo tem ou deveria ter o compromisso de estar atento a essa realidade e, a partir de políticas públicas estruturantes e de inclusão, permitir e organizar a distribuição da riqueza gerada pela sociedade, sendo a ela direcionada por serviços públicos de qualidade e em quantidade.
Mas o que vemos não é bem isso. Está mais, como diria o ditado popular, para “enxugar gelo” ou “vender terreno no céu”.
A pandemia mostrou que estamos diante de um governo, de gestores públicos e de representantes legislativos que insistem em manter a velha prática e os vícios de suas ações individuais, na busca de sua permanência no status que o ambiente político lhe proporciona diante da sociedade, mantendo a pratica de poucas ações estratégicas e duradouras e privilegiando aquelas que carregam o “varejo do varejo” como uma ação rotineira. Sempre o mesmo do mesmo. E assim se mantém o círculo vicioso da velha ação política.
Estamos vivendo uma geração de governantes que não trazem mais a ousadia, a coragem e a capacidade de juntar e reorganizar as pessoas e as organizações sociais para tomada de decisões. Vemos muita conversa com grupos localizados, mantendo viva a máxima do “pão com vinho e circo”. Enquanto os gestores públicos vão se perpetuando em cima de crises econômicas, ambientais e sociais, de greves dos movimentos organizados da sociedade e dos/as trabalhadores/as. Eles se embolam em infindas narrativas sociais diante da qualidade do transporte público, da segurança pública, do aumento incontrolável de crimes.
O que parece? O sentimento que fica é de que a sociedade está abandonada, refém de sua própria sorte, correndo riscos atrás de riscos. Enquanto a pergunta se mantém: onde estão os gestores dos palanques tão comprometidos e que desfilavam capacidade política, de gestão e técnica? Será que ainda estão procurando estas qualidades prometidas?
* Engenheiro Agrônomo, extensionista aposentado do Incaper e operário da terra. Aprendendo com as experiências e práticas dos povos da terra da floresta e das águas.
(Publicado em >> https://prosanaroca.wordpress.com/2021/10/27/governo-pra-enxugar-gelo-ou-atender-a-sociedade/)