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Enquanto muitos não têm o que comer, poucos batem recordes na exportação de alimentos

Por 16 de junho de 2022Assuntos Gerais

Em pouco mais de um ano, aumentou em 14 milhões o número de brasileiros/as que sentem fome. A pesquisa da Rede PENSSAN constatou que o número subiu de 19,1 milhões, no final de 2020, para 33,1 milhões, no início de 2022.

Isso significa que 15% da população do nosso país em situação de fome; ou seja, falta alimento em casa para, pelo menos, uma refeição, sendo que muitas vezes ficam sem ter o que comer por mais um dia.

Esse cenário terrível é resultado da falta de políticas públicas. E o nosso trabalho – de todos nós, servidores do Incaper – tem ou teria que ter responsabilidade sobre esse assunto. As políticas públicas de ATER e Pesquisa ajudam a combater a fome; nós sabemos disso. Mas para que isso ocorra é fundamental que elas sejam bem conduzidas.

O mais complexo de se entender o aumento da fome no Brasil é que ela vem acompanhada com os recordes na produção do agrícola. O IBGE, por sinal, prevê 6,2% de aumento na produção de grãos, além de 3,8% na de cereais, leguminosas e oleaginosas. E isso só para 2022.

Como pode o agronegócio do Brasil produzir cada vez mais alimentos enquanto aumenta o número de pessoas passando fome no país?

A pergunta nos leva para outros números, agora os da exportação de alimentos, e que por sinal mostram novos recordes para a economia agrícola. Somente no mês de março de 2022, o agronegócio somou US$ 14,5 bilhões de dólares em exportação. São bilhões, e são em dólares. Os dados da Secretaria de Comércio de Relações Internacionais do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) ainda apontam que esse valor corresponde a 50% de tudo que o país exportou nesse mês.

O país produz mais e não para acabar com a fome que não para de crescer, mas para exportar o alimento para outros países. A comida produzia no Brasil não fica no Brasil. São as grandes empresas de agronegócio que estão lucrando com a produção, enquanto 33,1 milhões de brasileiros/as não tem o que comer.

Enquanto se vê riqueza entre os grandes empresários da agricultura, com números recordes de produção e exportação; a miséria assola a nossa população, inclusive no setor rural. Uma saída para tal descaso está na relação humana com a agricultura, promovendo o fortalecimento da Agricultura Familiar. Atualmente, 77% dos estabelecimentos agrícolas, no Brasil, são de agricultura familiar; porém, eles são responsáveis por apenas 23% da produção total.

O que temos é um número reduzido de grandes produtores, responsável pelo valor maior do agronegócio, que estão focados numa produção recorde de alimentos que serão enviados para fora do país. O que fica no Brasil vem da agricultura familiar. E se pensamos em acabar com a fome, é fundamental repensar uma melhor distribuição de riqueza e uma menor concentração de renda também nos espaços rurais do nosso país.

Mudar esse cenário de miséria requer vontade política. E as políticas públicas precisam chegar a quem realmente precisa. Essa é a questão principal, aqui, e esse é o grande desafio atual para nossa sociedade.

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