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Educar para a felicidade em tempos de isolamento social

Por 28 de abril de 2021Assuntos Gerais

Texto escrito por Adolfo Brás Sunderhus Filho*

Educar requer técnica, conhecimento específico, didática. Para ensinar é necessário se utilizar de todos os conhecimentos que detém, aliados a carisma, empatia e sentimento. Ensinar não se constrói do dia para a noite, se dá com base numa relação de afetos, fundamental para o aprendizado. Educação é muito mais do que conteúdo, mais do que ensinar a ler e escrever, fazer conta de somar e subtrair. Conteúdo se tem em vários locais diferentes, das mais variadas formas. Educar é sentimento.

Nesses tempos de isolamento, o que mais faz falta para os/as alunos/as não é o conteúdo, não é a rotina de ir à escola para estudar. Não que isso não faça falta. Faz! Contudo, o que tenho percebido que faz cada vez mais falta é o afeto, o carinho, o riso, o bate-papo, o olhar, a brincadeira. A interação e integração é o que mais tem feito falta para os/as alunos/as. Mais do que conteúdos, enquanto professor, eu tenho me preocupado com o impacto que isso tudo está trazendo para o psicológico deles/as. Preocupa-me que, possivelmente, temos alunos/as no país inteiro, crianças e adolescentes, sofrendo com crises de ansiedade, não dormindo. Se nós, adultos, estamos passando pelas mais diversas crises, por que não pensar que as crianças também não estão?

O isolamento tem deixado cada vez mais claro que as escolas e professores tem funções muito maiores do que simplesmente colocar na cabeça de estudantes conteúdos e encher quadro e cadernos de anotações. Isso faz parte da educação, mas é uma parte e não o todo. Alcançar o todo da educação, nessa realidade que estamos vivendo, é um desafio enorme. Professores têm se empenhado, se desdobrando para que mesmo a distância todo o afeto e carinho ultrapassem as telas dos computadores durante as vídeo-aulas. Não está sendo fácil, nós também estamos sofrendo com crises de ansiedade, noites mal dormidas e a incerteza de estarmos atendendo às expectativas daqueles para os quais dedicamos todas as nossas forças: os/as alunos/as.

Seguimos em frente! Como nos lembra Rubem Alves “ser mestre é isso: ensinar a felicidade”. Que possamos, em meio a toda adversidade, cumprir esse desafio, ensinar aos/às nossos/as alunos/as a felicidade, a felicidade não apenas de aprender, mas a felicidade de viver!

* Licenciado em História (UFOP), pós-graduado em Ensino Religioso (Faculdade Unida de Vitória) e Filosofia e Sociologia (FABRA), mestrando em Ciências Sociais (UFES), Adolfo Brás é professor de ensino fundamental e médio há 15 anos, ministrando as disciplinas de história, sociologia, filosofia e habilidades socioemocionais em escolas da rede privada de ensino na Grande Vitória.

 

Join the discussion Um Comentário

  • Uma matéria rica e que traz uma carga emocional e um forte sentimento e respeito humano em especial pelos alunos e alunas. A extensão rural se mantem viva e tem o respeito do agricultor (a) familiar do Espírito Santo e do Brasil pois possui este especial e singular jeito de se manifestar e viver o dia a dia das famílias da roça.
    Eu me sinto orgulhos e muito feliz em ver meu filho ser este profissional que traz consigo um forte valor e reconhecimento do ser humano e que dia a dia alimenta seus sonhos e busca sua realização pelo seu trabalho diário, seja na sala de aula, seja em reuniões com pais e colegas professores (as) e em especial agora pela imposição da Pandemia buscando superar sempre seus limites pelo ensino remoto.
    Parabéns aos Extensionista Educadores e a todos e todas Educadores (as) do Estado do Espírito Santo.

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