Texto escrito por Adolfo Brás Sunderhus
(Engenheiro agrônomo – Operário da Terra, Extensionista aposentado do Incaper)
O que vivemos enquanto servidores/as públicos/as do Incaper e do ES é fruto de 19 anos de descaso do Governo do Estado com esta categoria. Nestes 19 anos, e tenho dito muito sobre isso, tivemos apenas dois governantes: Paulo Hartung, “baianinho”; e o atual, o tal Renato Casa Grande, bem próximo com suas práticas do “Senhor das Senzalas”.
As práticas de gestão pública desses dois “senhores” se estabelecem em um primeiro momento na conquista do voto, como parceiros e preocupados com o que aflige o/a servidor/a público do Estado. Enquanto resposta política, na prática do exercício, o que vemos é que a roupa de cordeiro rapidamente se troca pela do lobo feroz. De forma traiçoeira e covarde, acho que comum pela natureza dessas “pessoas”, ambos passam a adotar a política do “empurra com a barriga para ver o que vai dar lá na frente”.
E daí para frente, face às suas condutas de gestão e diante da forma de lidar com os/as servidores/as públicos/as do Estado, cabe sim a esses gestores a alcunha de “imperador” e “senhor da senzala”.
O momento que vivemos de angústia e aflição também mostra a todos/as os/as servires/as do Incaper e associados/as da ASSIN a oportunidade única de levantarmos nossa voz e nosso descontentamento contra esta forma de gestão pública, que não ouve e sequer busca a participação desses/as servidores/as na resolução de suas necessidades e na garantia de seus direitos.
Dentro de um viés positivo, nos mantemos comprometidos com os/as agricultores/as familiares, com os povos tradicionais, com os/as assentados/as do crédito fundiário e da reforma agrária, com as comunidades indígenas e de pescadores/as artesanais. Pois esta é nossa ação histórica há 65 anos, no Espírito Santo.
Neste ano de 2022, a Extensão Rural e a Pesquisa Pública oficial do ES, desenvolvidas pelo INCAPER, estão sendo covardemente destruídas por um gestor público que desconsidera toda e qualquer proposta construída de forma participativa, o que demonstra que sua ação está alinhada politicamente a um único objetivo: sucatear e desmantelar o serviço público de ATER e Pesquisa no Estado do Espírito Santo, bem como as políticas públicas para todo o público que se enquadra como agricultores/as familiares.
Este alinhamento político coloca o atual chefe do poder executivo, o tal do Casagrande, a coexistir em um ambiente de jogos onde quem tem o poder econômico e político ganha mais, alimentando esse ambiente – pois acredita que “dando as cartas e controlando as fichas” o seu objetivo final será alcançado: a destruição completa do serviço público de ATER e Pesquisa no Estado do Espírito Santo, como vem sendo feita desde 2003. Certamente esse “senhor” acredita que o “dono da casa” nunca será perdedor.
Governos e gestores executivos passam, mas a sociedade e o/a servidor/a público permanecem. O que estamos vendo é que o atual gestor executivo do Estado do ES tem colocado a leilão todo o serviço público estadual.
Uma certeza fica: a de que negando o direito dos/as servidores/as públicos/as, neste caso especial os/as do Incaper – sem querer profetizar o futuro que se avinha – a perda será grande para a governança pública e para seus gestores, pois estará selada a perda de sua dignidade, do respeito coletivo e do futuro político do Estado.
Podem nos violentar, jogar para lá e para cá, como é a atual prática do tal Casagrande. Mas uma certeza fica: este, ou outro que vier , não será capaz de apagar a coragem, a determinação e a luta de nosso coletivo feita pela ASSIN e pelo Sindipúblicos, pois esses gestores já trazem consigo um único rotulo, expresso pelo seu momento passageiro e pelo barulho da carroça vazia.