Texto de Adolfo Brás Sunderhus*
Todo o planeta vem experimento, há milhares de anos, transformações importantes que geram impactos positivos e negativos, permitindo um novo momento, de acordo com essas transformações. E não está sendo diferente no Brasil.
Sem dúvida alguma os últimos 50 anos trazem uma forte carga de violência ambiental promovida pela espécie humana, em todos os ambientes naturais e ecossistemas produtivos local e territorial. Esta prática está transformando a espécie humana em sua maior fera destruidora e de uma forma que tem se acentuado nos últimos cinco anos, face ao descompromisso de governos que buscam somente atender aos interesses de corporações capitalistas e voltadas para o lucro a qualquer custo, doa a quem doer.
De forma geral, estamos vivendo e experimentando a queda da biodiversidade em todos os ecossistemas, bacias e microbacias hidrográficas, em ambiente local e territorial, em uma escala global e com fortes incidências nesses ambientes. E em uma rapidez nunca vista antes, que muitos pesquisadores e sábios agricultores e agricultoras, conhecedores profundos desses habitats naturais, já se perguntam: estaremos vivemos uma nova extinção em massa?
Que não seja uma forma única de visão, mas uma coisa é certa, e que ninguém duvida, é que estamos vivendo um momento que se diferencia de todos os que foram até então experimentados Uma nova era, uma nova época onde a influência humana sobre esses gigantes e frágeis ambientes levam a uma violenta destruição, que só podemos visualizá-las a partir do que consta nas transformações geológicas que a terra passou. A biodiversidade está ameaçada e essa ameaça ronda a nossa existência enquanto seres humanos racionais. E como racionais podemos, sim, pensar e agir de forma diferente, pelo menos mais humana, solidária e comprometida com um futuro em comum.
Mas o que estamos vivendo neste Século XXI, e no Brasil desde 2018, é a prática de que poucos se importam. Vivemos uma gestão pública sem nenhum compromisso com as causas ambientais e seus efeitos para a sobrevivência das gerações, como se tudo fosse acabar amanhã. Nesse pensamento, o que importa é o meu dia, o meu momento. E essa ação política, covarde e pessoal tem impregnado uma grande parte da sociedade, em especial o setor do agronegócio exportador e explorador de trabalhadores/as para o seu sustento.
O que vemos é que nossa sustentabilidade está indo embora, sendo empurrada buraco abaixo para o que, infelizmente, pode sim ser chamado de um evento que beira a extinção: seria a sexta extinção em massa.
A perda de espécies tem levado a sociedade a experimentar fortes sofrimentos em termos de saúde pública, com contaminação de águas e alimentos, além de desnutrição. A agricultura do agronegócio exportador e abusivo no uso de contaminantes e agressivos químicos resulta na extinção de várias espécies e na permanência e no aumento de outras, que têm a capacidade de hospedar patógenos com forte potencial de perigo para a espécie humana, e o que tem gerado um enorme custo para a saúde pública. Vivemos um momento que apontam para o aumento de espécies conhecidas por hospedar doenças transmissíveis aos humanos, levando em consideração a diminuição da biodiversidade local e o seu impacto territorial.
Os ecossistemas naturais estão sendo violentamente perturbados, para não dizer assassinados, cujo resultado está evidente em uma forte perturbação social e política que impacta a todos e todas nós, que vivemos nesta única casa que nos acolhe e abriga.
E, ao que parece, a perturbação somos nós.
* Engenheiro agrônomo, operário da terra, aprendendo com as práticas e experiências dos/as agricultores/as familiares.
Publicado originalmente: https://prosanaroca.wordpress.com/2021/06/30/nossa-queda-enquanto-sociedade-civilizada/
Parabéns, Adolfo! Esse texto nos leva a uma profunda reflexão de vida.
Parabéns, Adolfo, pelo texto. Muito bom.
Abraços.
Bela reflexão.