Texto escrito por Adolfo Brás Sunderhus*
Garis são pessoas, mulheres e homens, imensamente mais inteligentes do que aquelas/es que simplesmente espalham o lixo pela cidade, sujando e poluindo sua própria rua, rios, lagoas, praias e seus ambientes de lazer.
Uma curiosidade: este nome, GARI, é uma homenagem ao francês Pedro Aleixo Gary que foi a primeira pessoa a assinar um contrato de Limpeza Pública com o Ministério Imperial, organizando a partir do dia 11 de outubro de 1876 a remoção de lixo das casas e praias do Rio de Janeiro.
O gari é um/a profissional! Um/a trabalhadora/a que presta um serviço público que, por muitos/as, passa despercebido, às vezes invisível, não recebendo o devido respeito, o que expõe a forte e ridícula divisão social existente. A evolução da sociedade na busca constante pela inclusão e pelo respeito ao/à trabalhador/a, com especial atenção das crianças, traz a esses homens e mulheres a possibilidade de, dia a dia, vencerem os preconceitos, inserindo de forma definitiva a importância e o valor do seu trabalho para esta sociedade, mesmo diante de ainda precárias condições de saúde e segurança.
Mas, ainda assim, convivem com sujeiras, descaso dos transeuntes e, em certos ambientes sociais, ainda são tratados como uma “máquina” invisível de limpar. A nossa condição de conviventes em uma sociedade, e de governos que buscam a sustentabilidade, imprime a necessidade de uma mudança de hábitos e comportamentos na forma de tratamento desses/as trabalhadores/as, exigindo de cada um/a de nós maior sensibilidade, maior educação no entendimento da importância do trabalho que essas pessoas fazem. Afinal, uma função que é essencial para toda sociedade. São eles/as que criam as condições, com sol ou com chuva, para que todos/as possamos viver e conviver em uma cidade mais limpa e acolhedora.
A todos e todas os/as garis, a ASSIN e seus/suas associados/as agradecem o importante trabalho que realizam. Tenham certeza de que não somente somos solidários, mas imensamente comprometidos com o respeito a cada um/a de vocês e ao trabalho que realizam.
* Engenheiro agrônomo, extensionista rural aposentado do INCAPER. Operário da terra. Aprende com o saber das famílias da roça, suas práticas e experiências. Escreve o que acredita e o que sente.