A Monsanto foi processada pela cidade de San Jose, nos Estados Unidos, por conta da poluição na baía de São Francisco. O processo, que se encontra arquivado há um mês, lista a empresa e a sua fábrica no ramo de produtos químicos, Solutia Inc., e a Pharmacia Corporation, outro subproduto da Monsanto, agora propriedade da Pfizer.
Segundo a ação judicial movida pela cidade, essas empresas são responsáveis por sujar a baía com bifenilos policlorados, conhecidos também por PCB. Esse produto tem sido associado ao câncer e á reprodução da doença, bem como problemas de desenvolvimento.
Durante décadas foi utilizado em tintas, calafetação, refrigerantes, selantes, tintas, lubrificantes e outras aplicações generalizadas. O escoamento comercial e industrial do produto químico é feito através de drenagem pluvial e na baía, onde contamina os peixes e outras espécies marinhas.
Devido aos limites federais sobre a concentração de PCB na baía, San Jose tem de obter licenças emitidas por autoridades locais de saneamento para descarga de águas pluviais. Recentemente, o Conselho Regional de Controle de Qualidade da Água da Baía de San Francisco elevou os padrões, que vão custar ainda mais e forçar a cidade a melhorar os seus métodos e instalações.
Produção
O PCB é fabricado e vendido pela Monsanto desde a década de 1930, com o nome de Aroclor, mesmo sabendo o dano que poderia ter sobre o meio ambiente e as pessoas. Durante décadas, a empresa foi a única fabricante desse produto químico.
Apesar disso, a Monsanto manteve a produção de Aroclor, até que o Congresso americano aprovou uma lei que proibia a sua utilização, em 1979. A cidade tem chamado para um julgamento com júri e pede danos punitivos para limpar as vias navegáveis.
A porta-voz da Monsanto, Charla Lord, disse que a empresa está revisando o processo e as alegações. “A Monsanto não é responsável pelos custos alegados nessa questão. Os PCB’s vendidos na época eram produtos legítimos, que foram depois incorporadas por terceiros em outras utilidades. Se a sua eliminação foi inadequada ou outros tipos de usos impróprios causou a divisão da empresa, então estas outras deveriam assumir a responsabilidade por estes danos”, disse.
A ação cita documentos internos da empresa, indicando que a Monsanto sabia muito bem o caos ambiental que causou com Aroclor. A denúncia também alega que a empresa mentiu para os reguladores do governo, dizendo que o produto era não-tóxico e não afetaria o meio ambiente.
Várias cidades entraram com ações semelhantes, incluindo reclamações, ocasionadas perto de San Diego e Spokane, Washington. A presidente do Centro para a Reforma Progressiva, Rena Steinzor, comparou a alegação de PCB a uma ação judicial em Santa Clara County, Califórnia, movida contra fabricantes de tintas devido a envenenamento por chumbo. Após 14 anos de disputas judiciais, o tribunal ordenou as empresas a pagar US$ 1,15 bilhão para remover a tinta tóxica.
Referência: San Jose Inside